
Bolsonaro e sete pessoas ligadas a ele vão a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de planejar um golpe contra a democracia. O processo começa em 2 de setembro e está sendo apontado como um marco inédito na história política do país.

Acusados incluem militares de alta patente e aliados próximos, descritos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrantes do “núcleo central” da trama. Eles responderão por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta da ordem democrática, organização criminosa armada, dano ao patrimônio público e degradação de bens tombados.
Historiadores veem o momento como uma guinada. Carlos Fico destaca que, apesar de inúmeras tentativas de golpe no passado, “todas resultaram em impunidade ou anistia”; “desta vez será diferente”, disse ao Washington Post. Lilia Schwarcz considera o julgamento simbólico por romper com a omissão histórica em relação aos crimes militares após a ditadura.
O julgamento também reflete um embate com os Estados Unidos. O governo de Donald Trump reagiu com sanções e tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, além de impor uma medida contra o ministro Alexandre de Moraes. Em resposta, o STF manteve firme a continuidade do processo. Moraes disse ao Washington Post: “Brasil não recuará”, afirmando que “quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”.
As sessões estão marcadas entre 2 e 12 de setembro, com formato presencial e debates tanto pela manhã quanto à tarde. No primeiro dia, 2 de setembro, o ministro relator Alexandre de Moraes abre os trabalhos com leitura do relatório, seguido das manifestações da acusação e da defesa, finalizando com os votos dos demais ministros da turma.
