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ANISTIA

Câmara avalia urgência de anistia a golpistas; inclusão de Bolsonaro divide votos

Oposição acredita ter mais de 300 votos para aprovar urgência de projeto que perdoa condenados de 2023, mas governistas veem chance de barrar se texto contemplar o ex-presidente

15 setembro 2025 - 16h20Victor Ohana, Pepita Ortega e Naomi Matsui
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). - (Foto: Wilton Junior/Estadão)
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A Câmara dos Deputados deve decidir nesta terça-feira (16) se vota em regime de urgência um projeto de anistia moderada aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O movimento, porém, enfrenta impasse: incluir ou não o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no perdão pode definir o rumo da votação.

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Deputados de oposição projetam mais de 300 votos favoráveis ao pedido de urgência, acima dos 257 necessários. Mas a estimativa de apoio cai se a proposta abranger Bolsonaro, recentemente condenado pelo STF a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Líderes governistas acreditam ser possível derrubar o requerimento com margem apertada caso o ex-presidente entre no texto.

Segundo mapeamento da oposição, o placar pode chegar a 320 a 330 votos, desde que o perdão seja restrito aos envolvidos diretamente nos atos de 8 de janeiro. Esses votos viriam de legendas como PL (88), União Brasil (cerca de 50), PP (45), PSD e Republicanos (30 a 33 cada) e MDB (20 a 25), além de siglas menores como Podemos, PSDB, Avante, PRD e Novo.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia pautar a urgência ainda nesta semana, mas aliados admitem que o tema pode ser adiado diante da falta de consenso sobre o alcance do projeto.

No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) articula um texto alternativo: sem anistia plena, mas com redução de penas. Ele pretende apresentar a ideia a líderes nos próximos dias. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), já sinalizou abertura para discutir a proposta.

A oposição, no entanto, descarta apoio a um projeto “light”. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) insiste em um perdão que alcance seu pai. A estratégia do PL é concentrar esforços na Câmara, esperando que uma aprovação ali aumente a pressão sobre Alcolumbre.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, cobrou publicamente que o Republicanos apoie a anistia, lembrando que a sigla elegeu o presidente da Câmara. Mas o Republicanos, que planeja lançar Tarcísio de Freitas à Presidência em 2026, evita assumir compromisso.

A definição do texto e o placar da urgência vão indicar se o Congresso avança ou não para uma anistia que, dependendo do alcance, pode perdoar apenas os envolvidos nos atos golpistas ou também o ex-presidente Jair Bolsonaro.

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