
O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira, 9, que vai antecipar sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF). O comunicado foi feito durante a sessão plenária do tribunal, em um pronunciamento marcado pela emoção e surpresas entre os colegas.

“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo”, declarou Barroso, com a voz embargada.
O ministro afirmou que sua decisão foi amadurecida ao longo dos últimos dois anos e que ela não tem relação com o cenário político atual. Segundo ele, a exposição do cargo trouxe impactos à sua família. “Os sacrifícios e ônus da função acabam se transferindo aos familiares, que sequer têm qualquer responsabilidade pela nossa atuação”, disse.
A despedida marca sua última sessão no plenário do Supremo. Na próxima semana, Barroso estará na Corte apenas para devolver pedidos de vista e encerrar pendências. O ministro deixará oficialmente o tribunal após 11 anos de atuação, desde que foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2013. Ele poderia permanecer no cargo até 2033.
Durante o discurso, Barroso foi aplaudido de pé pelos colegas. O presidente do STF, Edson Fachin, agradeceu em nome do tribunal e destacou o legado do ministro. “Vossa Excelência ajudou a construir uma cultura constitucional mais sólida, mais consciente e comprometida com os direitos fundamentais”, afirmou.
Barroso também fez menção ao ministro Gilmar Mendes, com quem protagonizou embates duros no passado. “A vida nos afastou e nos aproximou. Fico feliz que tenha sido assim”, disse, em tom conciliador. Mendes respondeu afirmando que “não guarda mágoas”.
A saída antecipada de Barroso abre mais uma vaga no STF para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já indicou Cristiano Zanin e Flávio Dino em seu atual mandato.
