
Servidores da assistência social de Campo Grande participaram, nesta segunda-feira (1º), de uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir a greve da categoria e apresentar suas reivindicações. Eles pedem reajuste salarial, melhores condições de trabalho e valorização da área, que consideram essencial para o atendimento à população mais vulnerável.

A reunião foi organizada pela Comissão Permanente de Assistência Social e do Idoso da Câmara. Representando o Fórum dos Servidores do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), a psicóloga Betânia Porto afirmou que os profissionais estão com salários defasados e enfrentam precarização há anos.
Segundo ela, um servidor em início de carreira ganhava R$ 2,5 mil em 2014 — cerca de 3,5 salários mínimos na época. Hoje, esse valor é de R$ 3,7 mil, o que equivale a 2,5 salários mínimos. Pela estimativa da categoria, o salário deveria estar em torno de R$ 5,1 mil, considerando a inflação acumulada.
Além da reposição salarial, os profissionais pedem a incorporação de auxílios e a correção do vale-alimentação. A Prefeitura acionou a Justiça e conseguiu uma decisão obrigando os servidores a voltarem ao trabalho, sob multa diária, mas as negociações ainda não avançaram.
Prefeitura diz que está aberta ao diálogo - Durante a audiência, a vice-prefeita e secretária de Assistência Social, Camilla Nascimento, reconheceu a importância do trabalho da categoria e disse que o município está disposto a ouvir as reivindicações. Segundo ela, a secretaria tem 52 unidades em funcionamento e conta hoje com 109 assistentes sociais efetivos, número bem maior do que os 5 ou 6 que atuavam em 2017.
Camilla afirmou que a política de assistência social precisa de investimentos e valorização dos servidores. “Vamos levar todas as demandas aos setores responsáveis para buscar soluções”, disse.
A secretária-adjunta da pasta, Inês Mongenot, também participou da reunião e afirmou que a gestão está aberta à negociação com a categoria.
Vereadores apoiam os profissionais - Vários vereadores presentes na audiência demonstraram apoio às reivindicações. Wilson Lands lembrou que foi atendido pela assistência social na infância e defendeu o reajuste dos servidores. “Na pandemia, todos reconheciam o papel desses profissionais. Agora não pode ser diferente”, afirmou.
A vereadora Luiza Ribeiro disse que a assistência social precisa voltar a ser prioridade na gestão municipal. “Essa era uma das principais secretarias e tinha um dos maiores orçamentos da Prefeitura. Isso se perdeu”, criticou.
O vereador Leinha também defendeu a categoria e pediu segurança nos locais de trabalho. “Servidores trabalham muito e ganham pouco. É preciso ter guardas nos CRAS para garantir a segurança de quem atende a população”, afirmou.
A presidente do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), Carmen Ferreira Barbosa, destacou a importância do SUAS e afirmou que ele é um dos maiores sistemas de proteção social do mundo.
Sem acordo, greve continua - A audiência terminou sem um acordo concreto, mas os vereadores prometeram encaminhar as demandas à Prefeitura. A greve dos assistentes sociais continua, enquanto a categoria espera por avanços nas negociações.
