
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizam neste domingo, 3, manifestações em diferentes cidades brasileiras em defesa do ex-chefe do Executivo e contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em São Paulo, o ato principal acontece na Avenida Paulista, a partir das 14h, com organização do pastor Silas Malafaia.

Sob o mote “Reaja, Brasil”, os protestos criticam as decisões judiciais contra Bolsonaro e buscam reforçar a narrativa de que o ministro Moraes atua com viés político ao conduzir investigações e processos que envolvem o ex-presidente e seus aliados.
Presenças divididas entre cidades
Impedido de participar presencialmente por medidas cautelares impostas pelo STF desde 18 de julho, Bolsonaro ficará recolhido em casa durante o final de semana. A ausência do ex-presidente será compensada pela presença de familiares em diferentes pontos do País.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participa do ato em Belém, enquanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) representa a família no protesto em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Contexto internacional impulsiona atos
Os protestos ocorrem dias após os Estados Unidos anunciarem sanções contra o Brasil e, em especial, contra o ministro Alexandre de Moraes, utilizando a chamada Lei Magnitsky — instrumento jurídico adotado pelo governo Trump para punir autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos ou abusar do poder. Moraes foi incluído na lista no dia 29 de julho.
A mobilização bolsonarista tem explorado esse episódio como um reforço à tese de que o ex-presidente está sendo vítima de perseguição política, e que Moraes estaria promovendo censura no país.
Participação em queda
Apesar da articulação nacional, o engajamento popular em atos de apoio a Bolsonaro tem diminuído significativamente. De acordo com levantamento do Monitor do Debate Público no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), a presença nas ruas caiu mais de 90% em cinco meses.
Em fevereiro, cerca de 125 mil pessoas participaram do protesto na Avenida Paulista. Já em 29 de junho, o público caiu para 12,4 mil no mesmo local, evidenciando a perda de mobilização desde que Bolsonaro se tornou réu por tentativa de golpe de Estado.
Relação com o governo Trump e sanções
A atual movimentação também está conectada à escalada nas relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Brasil. A pedido do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-presidente americano Donald Trump anunciou uma série de medidas econômicas contra o governo brasileiro, incluindo um tarifaço de 50% sobre produtos de exportação. A justificativa foi a suposta perseguição judicial a Jair Bolsonaro.
As novas tarifas devem entrar em vigor no dia 6 de agosto, embora mais de 600 produtos tenham sido poupados da sobretaxa.
Trump também afirmou que o processo judicial movido contra Bolsonaro seria uma “caça às bruxas”, e as sanções contra Moraes foram classificadas como uma resposta aos abusos do Judiciário brasileiro. O pacote de medidas internacionais reacendeu a base bolsonarista, que tenta transformar o tema em bandeira de mobilização.
Críticas internas ao STF
Além das críticas vindas do exterior, o Supremo Tribunal Federal também tem sido alvo de setores conservadores dentro do Brasil. Os atos deste domingo buscam catalisar esse descontentamento e fortalecer a imagem de Bolsonaro como alvo de perseguição política e jurídica.
Silas Malafaia, líder evangélico próximo do ex-presidente, vem usando suas redes sociais para convocar apoiadores e pressionar o Judiciário. Ele também defende que o “tarifaço” de Trump seja visto como resposta à “ditadura da toga”, em alusão às decisões do STF.
