
A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a recuar, de acordo com levantamento divulgado nesta quinta-feira (28) pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg. O índice de aprovação do petista caiu de 50,2% para 47,9% em relação ao mês anterior, encerrando uma sequência de alta registrada desde junho.

Ao mesmo tempo, a desaprovação subiu e agora está em 51%. Esse aumento indica um distanciamento entre as avaliações positivas e negativas, o que sinaliza um possível esgotamento do movimento de recuperação da imagem presidencial.
A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 25 de agosto com 6.238 pessoas entrevistadas de forma aleatória e online. A margem de erro é de um ponto percentual e o nível de confiança do levantamento é de 95%.
Reprovação cresce entre evangélicos, jovens e moradores do Sul - A rejeição ao governo Lula é mais acentuada em segmentos específicos da população. Entre os evangélicos, 70,6% desaprovam a gestão. A reprovação também é elevada entre jovens de 25 a 34 anos (66%), moradores da região Sul (61,2%) e homens (56,6%).
Outros grupos com índices relevantes de desaprovação são pessoas com renda familiar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil (60,2%) e aqueles com escolaridade até o Ensino Médio (58,1%).
Esses dados indicam desafios específicos para o governo, especialmente no diálogo com segmentos que, historicamente, já demonstraram maior resistência ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Avaliação do governo piora em agosto - Além dos índices de aprovação e desaprovação, a pesquisa também avaliou a percepção geral sobre o governo. O grupo que considera a administração “ruim” ou “péssima” aumentou três pontos percentuais, atingindo 51,2%. Por outro lado, os que classificam como “ótima” ou “boa” somam 43,7%, três pontos a menos do que no levantamento anterior. A avaliação regular manteve-se estável em 5,1%.
A leitura desses dados sugere que a tendência de melhora na imagem do governo, observada desde meados do ano, perdeu força neste mês.
Lula versus Bolsonaro: quem se sai melhor? - Mesmo com a queda nos índices, o presidente Lula ainda é avaliado de forma mais positiva do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em boa parte dos temas abordados pela pesquisa.
O atual presidente tem vantagem expressiva nas áreas de:
Direitos humanos e igualdade racial: 56% avaliam Lula como melhor, contra 38% que preferem Bolsonaro.
Políticas sociais: 56% a 38% para Lula.
Relações internacionais: Lula é visto como superior por 56%, contra 43% de Bolsonaro.
Educação: 55% a 41%.
Saúde: 53% a 38%.
Infraestrutura, moradia e turismo também registram vantagem do petista, com margens semelhantes.
Entretanto, Bolsonaro aparece à frente em temas sensíveis como segurança pública (44% acham que o ex-presidente foi melhor, contra 41% de Lula), responsabilidade fiscal (46% a 44%) e carga tributária (48% a 46%).
Essa divisão revela uma polarização consolidada, com os dois líderes apresentando desempenhos contrastantes em diferentes áreas, refletindo as prioridades e visões dos eleitores.
Medidas populares e impopulares do governo Lula - A pesquisa também investigou quais ações do governo federal são vistas como acertos ou erros pela população.
Entre os principais acertos da gestão Lula, destacam-se:
Isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil: aprovada por 85% dos entrevistados.
Gratuidade total na Farmácia Popular: 84% aprovam.
Retirada de garimpeiros de terras indígenas: 80% apoiam.
Essas medidas demonstram que políticas de cunho social e de proteção ambiental continuam sendo pontos fortes da imagem do governo.
Já os principais erros, segundo os entrevistados, são:
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Taxação de compras internacionais de até US$ 50: reprovada por 60%.
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Tentativa de fiscalização de Pix acima de R$ 5 mil mensais: 55% consideram erro.
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Aumento do IOF: 50% veem negativamente.
As críticas estão mais concentradas em decisões de impacto direto no consumo e nas finanças pessoais, um sinal de que medidas econômicas com efeito no bolso do consumidor continuam sendo termômetros importantes para a popularidade presidencial.
Metodologia - A pesquisa Atlas/Bloomberg entrevistou 6.238 pessoas maiores de 16 anos, entre os dias 20 e 25 de agosto, de forma online e com amostragem aleatória. A margem de erro é de um ponto percentual para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
