
O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante por falso testemunho durante depoimento à CPMI do INSS, na madrugada desta terça-feira (30). Após pagar fiança, ele foi liberado.

A ordem de prisão foi dada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após cerca de nove horas de sessão. Segundo ele, Lopes omitiu informações, entrou em contradição e mentiu deliberadamente, o que caracteriza crime conforme o artigo 342 do Código Penal.
Esta é a segunda prisão feita no âmbito da CPMI. Na semana passada, Rubens Oliveira, apontado pela Polícia Federal como intermediário do “Careca do INSS”, também havia sido detido.
Um dos pontos que motivaram a prisão foi a resposta de Lopes ao relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Questionado sobre o sócio da empresa Santos Agroindústria Atacadista e Varejista, que recebeu cerca de R$ 800 milhões da Conafer, Lopes disse não saber quem era.
O sócio é Cícero Marcelino, funcionário da Conafer e alvo de operação da PF em maio. Ele é acusado de ser operador financeiro do esquema e teria movimentado mais de R$ 100 milhões do INSS, além de comprar veículos de luxo com os recursos.
Confrontado, Lopes voltou atrás, admitiu conhecer Marcelino, mas negou vínculo empregatício. “Cícero sempre foi um fornecedor de bens e serviços da Conafer por mais de 15 anos. É o querido, é o amigo”, disse.
A Conafer é a segunda entidade com maior volume de descontos em aposentadorias. Segundo a PF, os valores eram retirados ilegalmente, sem autorização dos pensionistas. Entre 2019 e 2024, o montante acumulado foi de R$ 688 milhões, um crescimento de 790 vezes em seis anos.
De origem indígena, Lopes também é sócio de uma empresa de melhoramento genético de gado e mantém um quiosque de artesanato no Aeroporto de Brasília.
