
Na semana em que foi divulgada a carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo o fim do cerco contra Jair Bolsonaro, foram publicadas em redes sociais 221 postagens consideradas “nocivas” contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Essas publicações resultaram em mais de 16 milhões de interações.

A informação está em uma pesquisa realizada pelo Instituto Democracia em Xeque. O levantamento analisou o debate público sobre o Judiciário entre os dias 4 e 10 de julho no Facebook, no Instagram, no X (antigo Twitter) e no TikTok.
As interações são a soma de curtidas, compartilhamentos e comentários – portanto, é possível afirmar que a maioria indica endosso ao conteúdo postado. Segundo os pesquisadores, os ataques e as interações ficaram no mesmo patamar observado em outras situações em que o STF foi atacado pela direita – como, por exemplo, o início da tramitação do processo contra Jair Bolsonaro pela trama golpista.
A carta de Trump é o assunto da maioria das publicações analisadas, mas também há menções à atuação do tribunal na disputa entre o governo Lula e o Congresso Nacional em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No período, foram analisadas 88.025 postagens sobre o Judiciário feitas por um grupo específico de usuários de redes sociais com posicionamento político diverso. Essas publicações geraram, ao todo, 44,6 milhões de interações.
De acordo com a pesquisa, as postagens de perfis progressistas avaliam que o apoio público de Trump a Bolsonaro poderia resultar em uma tentativa de exílio do ex-presidente nos EUA. “A narrativa entre perfis progressistas seria de que o melhor a se fazer seria prender Bolsonaro preventivamente”, diz o estudo.
Por outro lado, “a narrativa conservadora de responsabilização de Moraes, Lula e STF pelas tarifas encontrou resistência progressista nas redes, que apontam que deputados bolsonaristas, com destaque para Eduardo Bolsonaro, teriam articulado nos EUA para que essas sanções fossem aplicadas ao País”, anotaram os pesquisadores.
O mesmo instituto também analisou mais de 10 mil publicações em redes sociais no mundo inteiro sobre o Brasil entre os dias 10 e 16 de julho. Elas resultaram em aproximadamente 43,5 mil engajamentos dos usuários, com pico no dia 10. Segundo os pesquisadores, nesse universo, os ataques foram mais numerosos ao governo Lula do que ao STF.
Ainda segundo a pesquisa, 58,3% das publicações internacionais foram feitas a partir dos Estados Unidos, seguido do Reino Unido, com 4,9% dos posts.
