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POLÍTICA

Apesar da empolgação, Delcídio continua réu no caso da Refinaria de Pasadena

Apesar de ter sido absolvido pela 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília por obstrução à Justiça, sob acusação de oferecer dinheiro em troca do silêncio do ex-diretor da Petrobras

14 julho 2018 - 08h10Da redação com informações da assessoria
Delcídio em ato político do PTC em Campo Grande
Delcídio em ato político do PTC em Campo Grande - Divulgação
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Apesar de ter sido absolvido pela 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília por obstrução à Justiça, sob acusação de oferecer dinheiro em troca do silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, o senador cassado Delcídio do Amaral (PTC-MS) é réu na ação que apura a compra de metade da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

A absolvição do ex-petista provocou forte reação nos meios políticos de Mato Grosso do Sul, empolgando inclusive a direção do nanico PTC, partido ao qual Delcídio se abrigou, que já pensa em lançá-lo como candidato ao Senado para às eleições de outubro.

Fala-se até em Delcídio compor a chapa a ser encabeçada pelo ex-governador André Puccinelli, pré-candidato do MDB ao governo de Mato Grosso do Sul, como um dos dois postulantes ao Senado ao lado do senador Waldemir Moka (MDB-MS), em busca à reeleição.

Em 14 de março deste ano, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra o ex-senador e outras dez pessoas na Operação Lava Jato.

Agora, todos eles respondem como réus por crimes como corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro pelo pagamento de vantagens indevidas na compra de metade da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras.

A estatal pagou US$ 343 milhões por 50% da refinaria, enquanto a Astra Oil, da qual foi adquirida, havia pago cerca de US$ 56,5 milhões por toda ela, afirma a Lava Jato.

Essa motivação, no entanto, pode se transformar em iminente frustração da classe política e lideranças ligadas ao ex-senador, caso ele venha a ser condenado nesse caso de Pasadena.

DENÚNCIA

Segundo a denúncia, havia a praxe da cobrança de vantagem indevida sobre contratos da Diretoria Internacional da Petrobrás, dirigida por Nestor Cuñat Cerveró, com divisão entre o diretor e os seus subordinados.

A Refinaria de Pasadena estaria em péssimas condições de funcionamento, ainda conforme a denúncia, mas ainda assim elas foram ignoradas na aquisição pela Petrobras, porque os agentes da estatal estavam motivados com ganhos por vantagens indevidas.

Para viabilizar a compra, ainda conforme o MPF, foi ignorado relatório e avaliação que haviam sido na época feito pela empresa de consultoria Aegis Muse e foi ainda fraudado relatório de conclusão da visita dos agentes da Petrobrás à Refinaria.

Relata ainda o Ministério Público Federal que foram inseridos bônus no pagamento, de cerca de US$ 20 milhões sem aprovação prévia da Diretoria Executiva.

A denúncia cita que Cerveró recebeu US$ 2,5 milhões, tendo repassado um milhão, por cinco entregas em espécie, a Delcídio. Em troca, o ex-senador teria dado sustentação à nomeaçãode diretores em cargos da Petrobras.

Conforme o MPF, a denúncia ampara-se na confissão de parte das pessoas envolvidas nos crimes, como Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Agosthilde Mônaco de Carvalho, Fernando Antônio Falcão Soares e que celebraram acordos de colaboração premiada. Também encontra apoio parcial na confissão de Delcídio do Amaral.

Delação

Delcídio do Amaral firmou com a Procuradoria Geral da República (PGR) um acordo de delação premiada em troca de possível redução de pena.

Ex-líder do governo Dilma Rousseff, Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro de 2016, por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), após ter ficado 87 dias na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

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