
Com estimativa de 12,4 mil pessoas, segundo levantamento do Monitor do Debate Político da USP, o ato promovido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no domingo (29), na Avenida Paulista, em São Paulo, se tornou foco de críticas e ironias por parte de políticos ligados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A manifestação, considerada a menor desde que Bolsonaro deixou o cargo, ocorreu no mesmo dia do jogo entre Flamengo e Bayern de Munique pelas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, o que foi usado como justificativa por aliados para a baixa adesão. Ainda assim, a repercussão nas redes sociais foi marcada por declarações de parlamentares e membros do Executivo federal que apontaram esvaziamento e desgaste do bolsonarismo.
Entre os primeiros a comentar o evento esteve o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), que relembrou uma fala do próprio Bolsonaro ao classificar parte de seus apoiadores como “malucos”, quando se referia a protestos por intervenção militar. “Apenas 12 mil ‘malucos’ comparecem à Avenida Paulista para se despedir do futuro presidiário”, escreveu Teixeira, numa referência à investigação que envolve o ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também fez duras críticas. “O evento mais pareceu um último suspiro de um bolsonarismo em apuros, com ataques vazios, plateia minguante e aliados em debandada”, publicou a parlamentar em sua conta no X (antigo Twitter).
Críticas ao bolsonarismo e a Tarcísio de Freitas - O presidente interino do PT, senador Humberto Costa (PE), foi direto: “Parece que ‘flopou’ de novo, né?”. A gíria “flopar” se popularizou nas redes como sinônimo de fracasso, especialmente entre os mais jovens.
Já o presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), compartilhou uma imagem aérea do evento com pouca concentração de pessoas, comentando que a cena simboliza “o bolsonarismo passando vergonha mais uma vez”.
Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a decepção não recai apenas sobre Bolsonaro. Segundo ele, o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também foi alvo de críticas ao discursar pedindo “anistia e pacificação”. Durante sua fala, o governador criticou o PT e sinalizou apoio a Bolsonaro em eventual disputa presidencial em 2026, mesmo com o ex-presidente atualmente inelegível.
Mesmo sem admitir diretamente o número reduzido de apoiadores na manifestação, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, buscou relativizar. “Pode ter futebol, pode ser fim de mês, pode ser tudo. Eu desafio a esquerda brasileira a colocar 10% da quantidade de gente que tem aqui hoje”, afirmou ele aos jornalistas durante o evento.
Apesar das justificativas, o número de participantes, considerado modesto, foi usado por figuras do governo como termômetro da perda de força política do ex-presidente, que ainda responde a investigações na Justiça e segue com os direitos políticos suspensos.
