O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste domingo (26), na Malásia, foi marcado por um momento inesperado: durante uma breve conversa aberta à imprensa, Trump fez elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que provocou reações imediatas de aliados bolsonaristas nas redes sociais.
“Eu sempre gostei dele, fiquei muito mal com o que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele já passou por muita coisa”, disse Trump ao ser questionado pela imprensa, referindo-se a Bolsonaro. Lula, presente na ocasião, aparece sorrindo na gravação, mas o comentário foi suficiente para provocar interpretações políticas entre opositores do petista.
Reações nas redes - A base bolsonarista rapidamente passou a divulgar que Lula teria ficado “incomodado” com a menção a Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi o primeiro a se manifestar, afirmando no X (antigo Twitter): “Lula encontra Trump e na mesa um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Imagine o que foi tratado a portas fechadas?”
Na mesma linha, o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) comentou que “o corpo fala”, insinuando desconforto de Lula com a fala de Trump. Já o Coronel Chrisóstomo (PL-RO) distorceu a declaração aberta do presidente americano, afirmando que ele teria chamado Bolsonaro de “grande homem” na frente de Lula — algo que não ocorreu. O parlamentar ainda classificou a reunião como frustrante para o presidente brasileiro.
Evair de Melo (PP-ES) seguiu o mesmo tom. Disse que o encontro resultou apenas em uma “foto para inglês ver”, sem acordos ou propostas concretas. “Enfim, Lula resolveu agir como presidente de uma grande nação. Mas o resultado? Nenhum”, afirmou o deputado.
Outros parlamentares bolsonaristas também usaram o episódio para criticar a tentativa de Lula em mediar a crise entre Estados Unidos e Venezuela. Durante a reunião, o presidente brasileiro se ofereceu para atuar como interlocutor entre a Casa Branca e o governo de Nicolás Maduro.
Para o deputado Bibo Nunes (PL-RS), Trump estaria interessado em afastar o Brasil da China, mas não em se aproximar de Lula. “Trump negocia a economia com o desgovernante Lula, mas jamais cederá um milímetro na pauta política”, afirmou.
Empatia e lawfare - Eduardo Bolsonaro voltou a se manifestar em outros posts, afirmando que a “empatia” entre Trump e Bolsonaro seria natural e que o americano compreenderia o que o ex-presidente brasileiro passou. Ele também sugeriu que Lula apoiaria um suposto processo de “lawfare” contra Trump após sua saída da presidência dos EUA.
“A capacidade de Donald Trump de se colocar no lugar de Jair Bolsonaro e imaginar que, quando sair da presidência, Lula e sua equipe apoiarão a lawfare que certamente Trump sofrerá”, escreveu Eduardo.
Apesar das manifestações, a fala de Trump sobre Bolsonaro foi breve e não teve continuidade durante o encontro fechado com Lula. Não houve discussão sobre a situação jurídica do ex-presidente brasileiro, que enfrenta investigações no Brasil.
A reunião entre os dois líderes tratou principalmente da revisão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e sobre a tensão entre EUA e Venezuela, com Lula propondo intermediar o diálogo.
