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POLÍTICA

Alcolumbre defende emendas parlamentares após STF autorizar inquérito sobre repasses de R$ 694 M

Presidente do Senado disse que recursos não devem ser "criminalizados"; investigação mira emendas Pix sem plano de trabalho entre 2020 e 2024

26 agosto 2025 - 18h00Raisa Toledo
Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que emendas são instrumento de investimento e não devem ser criminalizadas.
Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que emendas são instrumento de investimento e não devem ser "criminalizadas". - Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmou nesta terça-feira (26) que as emendas parlamentares não devem ser "criminalizadas", em referência à investigação aberta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre repasses de quase R$ 695 milhões sem plano de trabalho registrado.

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"A gente tem que ter muito equilíbrio, muita maturidade, muita ponderação e deixar de criminalizar por criminalizar as emendas parlamentares, que são um instrumento de investimento e desenvolvimento das regiões mais carentes do Brasil", disse Alcolumbre durante audiência sobre gastos tributários na Câmara dos Deputados.

Investigação do STF

A declaração ocorre dois dias após o ministro do STF Flávio Dino determinar a abertura de inquérito na Polícia Federal (PF) para apurar o destino de 964 emendas individuais de transferência especial, conhecidas como "emendas Pix", realizadas entre 2020 e 2024.

Esses repasses, que somam R$ 694,7 milhões, não tiveram plano de trabalho registrado, descumprindo decisão anterior do STF que exigia maior transparência. Dino deu prazo de dez dias úteis para que o Tribunal de Contas da União (TCU) identifique as emendas relacionadas e encaminhe as informações à PF.

O que são emendas Pix

As emendas Pix permitem a transferência direta de recursos do Orçamento da União para Estados e municípios, sem necessidade de detalhamento prévio de aplicação. Embora agilizem o repasse, sofrem críticas pela falta de mecanismos de fiscalização e transparência.

Em 2022, o Estadão revelou que cidades sem infraestrutura básica receberam milhões de reais para a contratação de shows artísticos às vésperas da campanha eleitoral, por meio desse tipo de emenda.

Uso eleitoral e crescimento exponencial

Um estudo preliminar do Ipea aponta que as emendas parlamentares têm sido usadas prioritariamente com fins eleitorais, e não como instrumento de políticas públicas. Entre 2014 e 2023, os valores empenhados saltaram de R$ 2,7 milhões para R$ 125 milhões.

As mudanças recentes nas leis orçamentárias tornaram o pagamento das emendas obrigatório, tirando do governo federal a prerrogativa de autorizar ou não sua execução. Na prática, deputados e senadores passaram a controlar bilhões de reais do orçamento, sem necessidade de negociar com ministros.

Peso no Orçamento de 2025

O valor aprovado para emendas em 2025 é de R$ 50,4 bilhões, superando o total disponível para investimentos em 30 dos 39 ministérios.

Diante desse cenário, a fala de Alcolumbre busca reforçar a legitimidade do instrumento no momento em que a Justiça questiona o uso irregular dos recursos.

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