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POLÍTICA NACIONAL

Alcolumbre prepara alternativa à anistia, mas aguarda decisão da Câmara

Presidente do Senado tem projeto pronto que reduz penas do 8 de Janeiro, mas rejeita proposta de anistia ampla defendida por aliados de Bolsonaro

18 setembro 2025 - 12h35Naomi Matsui
Davi Alcolumbre aguarda decisão da Câmara para avançar com projeto alternativo à anistia
Davi Alcolumbre aguarda decisão da Câmara para avançar com projeto alternativo à anistia - Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já tem pronto um texto alternativo à proposta de anistia para os condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. No entanto, o senador decidiu aguardar os desdobramentos da Câmara dos Deputados antes de tomar qualquer decisão sobre a tramitação da proposta no Senado.

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"Vou esperar o que a Câmara vai decidir primeiro. O texto (alternativo) está pronto, mas vou esperar lá", afirmou Alcolumbre em entrevista ao Estadão/Broadcast. Questionado se poderia apresentar o projeto nas próximas semanas, ele foi direto: "Vou esperar para decidir. Se resolverem ou não resolverem, na semana que vem, vou tomar uma decisão".

A proposta articulada por Alcolumbre busca oferecer um meio-termo: prevê a redução das penas aplicadas aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, mas sem conceder anistia plena aos condenados.

Essa posição contrasta com a pressão feita por parlamentares da oposição, que defendem uma anistia ampla, geral e irrestrita — medida que poderia beneficiar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é investigado por envolvimento nos atos antidemocráticos.

Um dos principais defensores da anistia total é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Para ele, a proposta de Alcolumbre é insuficiente. "É uma proposta meia bomba", criticou. Flávio reafirma que continuará insistindo na aprovação de um texto que abranja todos os condenados, sem exceções.

Alcolumbre, por sua vez, tem se mostrado contrário à anistia completa e não está disposto a colocar em pauta um projeto com esse teor. Nos bastidores, aliados afirmam que o senador quer evitar que o Senado seja visto como conivente com os atos antidemocráticos, o que poderia gerar desgaste político diante da opinião pública e das instituições democráticas.

A decisão de esperar o posicionamento da Câmara é estratégica. A proposta de anistia ampla ganhou força entre deputados bolsonaristas, mas enfrenta resistência de outros setores da Casa. Enquanto isso, o Senado observa de longe, com Alcolumbre pronto para agir, mas ciente das repercussões que qualquer movimento precipitado pode gerar.

O impasse entre as duas Casas Legislativas revela o clima de tensão que ainda envolve os desdobramentos do 8 de Janeiro. Ao recusar a anistia total, o presidente do Senado tenta manter uma linha de equilíbrio: não ignorar as demandas de parte do Congresso, mas também não romper com os princípios democráticos que regem o Legislativo.

A expectativa é de que, caso a Câmara não avance com sua proposta, Alcolumbre avalie apresentar o seu projeto nas próximas semanas, abrindo um novo capítulo nas discussões sobre a responsabilização dos envolvidos nos ataques.

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