
Em entrevista ao programa Mais Você, na TV Globo, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), comparou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Alckmin afirmou que, apesar de ter ficado preso por mais de um ano e meio, Lula nunca atentou contra a autonomia do Judiciário, em contraste com ações de seu antecessor.

"Lula ficou preso um ano e meio, não foi um dia e meio. Com um ano e meio preso, e nunca quis derrubar a democracia nem o Poder Judiciário", disse o vice-presidente, destacando a diferença de atitude entre os dois ex-presidentes. A declaração foi uma resposta aos momentos de confronto entre Bolsonaro e o Judiciário, que marcaram seu mandato.
Lula foi preso em 2018, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá, no âmbito da Operação Lava Jato. Durante seu tempo na prisão, o ex-presidente criticou frequentemente o Judiciário, mas sem defender ações que pudessem ameaçar sua autonomia. Ele foi solto em 2019, após o STF declarar que a prisão após condenação em segunda instância era inconstitucional. Posteriormente, o processo foi anulado por falhas processuais, e o ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu a operação, foi considerado suspeito de agir em conluio com procuradores.
Em relação ao cenário atual, Alckmin também abordou a tensão entre o Brasil e os Estados Unidos. O governo norte-americano, liderado por Donald Trump, anunciou recentemente tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e aplicou sanções individuais contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, com base na Lei Magnitsky. Para Alckmin, essas ações têm relação com a tentativa do lobby liderado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de livrar o pai das acusações no processo sobre a tentativa de golpe de Estado.
Ao ser questionado sobre o tom "de confronto" adotado pelo governo, Alckmin defendeu que Lula tem um perfil conciliador, sempre buscando resolver os impasses com diálogo. O vice-presidente reafirmou a importância do diálogo nas relações internacionais e na construção de soluções políticas internas.
