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NACIONAL

Advogados de Bolsonaro prestam depoimento à PF por suspeita de tentativa de contato com Mauro Cid

Determinação do STF apura possível obstrução de investigação por meio de mensagens e abordagens a familiares do ex-ajudante de ordens

1 julho 2025 - 09h55Maria Magnabosco
O ex-presidente Jair Bolsonaro durante o primeiro dia de julgamento do STF que analisa denúncia por tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro durante o primeiro dia de julgamento do STF que analisa denúncia por tentativa de golpe de Estado - Foto: Antonio Augusto/STF

Advogados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro foram ouvidos nesta terça-feira (1º) pela Polícia Federal (PF), em depoimentos simultâneos realizados em Brasília e São Paulo. A oitiva, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), faz parte de um inquérito que apura possível tentativa de interferência na colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

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Os depoimentos envolvem Paulo Amador da Cunha Bueno, que defende Bolsonaro no caso da tentativa de golpe, e Fábio Wajngarten, ex-assessor do ex-presidente. Também prestam esclarecimentos o advogado criminalista Eduardo Kuntz e seu cliente, o coronel Marcelo Câmara.

A apuração tem como base uma série de mensagens apresentadas por Kuntz ao STF. Segundo o advogado, os diálogos teriam ocorrido por meio de um perfil no Instagram, identificado como @gabrielar702, supostamente administrado por Mauro Cid. Nessas conversas, o militar teria feito críticas ao STF e questionado os rumos de sua própria delação premiada.

Kuntz usou esse conteúdo para pedir a anulação do acordo de colaboração firmado entre Cid e a PF, sob a alegação de que o depoimento não teria sido espontâneo e poderia estar sendo distorcido. As mensagens foram anexadas ao processo como prova de tentativa de interferência.

Em resposta, Cid afirmou ao Supremo que não foi ele quem manteve contato com o advogado e negou ter utilizado a conta mencionada. Ainda segundo sua defesa, familiares do militar teriam sido abordados por outros nomes ligados a Bolsonaro, incluindo o próprio Paulo Amador e Fábio Wajngarten. As supostas tentativas de aproximação teriam ocorrido por meio da esposa, da mãe e até da filha menor de idade de Cid, em eventos sociais realizados na Hípica de São Paulo.

Decisão do STF foi baseada em relatos formais - No último dia 25 de junho, Moraes autorizou os depoimentos, citando que as condutas descritas podem configurar tentativa de obstrução de investigação — crime previsto no Código Penal. Além das oitivas, o ministro determinou que a PF apresente, em até 10 dias, um laudo com a análise de dados extraídos do celular apreendido durante as investigações.

As apurações fazem parte do inquérito que investiga a organização de uma suposta tentativa de golpe de Estado no fim de 2022. Jair Bolsonaro é investigado ao lado de ex-assessores, militares e aliados políticos.

Procurado pelo Estadão, Eduardo Kuntz afirmou estar “seguro e confiante” e declarou estar à disposição para esclarecer qualquer ponto necessário. Já os demais citados não se manifestaram até o momento.

As próximas etapas da investigação dependem dos resultados dos depoimentos prestados e da análise dos dados contidos nos dispositivos apreendidos.

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