BANNER FESTIVAL DA CARNE 1260X200PX-v1
NO MS

Trabalhadores são resgatados em situação de escravidão em fazendas da região do Pantanal

Na Fazenda Matão, localizada em Porto Murtinho, um idoso, de nacionalidade paraguaia, foi encontrado em condições de extrema vulnerabilidade

22 julho 2022 - 15h45Da Assessoria de Comunicação
Trabalhadores são resgatados em condições análogas à de escravo em fazendas de MS
Trabalhadores são resgatados em condições análogas à de escravo em fazendas de MS - (Foto: Divulgação)
ENERGISA

Saiba Mais

Nove trabalhadores foram resgatados em condições análogas à de trabalho escravo em três propriedades rurais, localizadas nos municípios de Corumbá e Porto Murtinho, na região do Pantanal de Mato Grosso do Sul, durante operação conjunta conduzida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU), Ministério do Trabalho e Previdência, por meio da Auditoria-fiscal do Trabalho, e realizada entre os dias 11 e 22 de julho.

Um idoso, de nacionalidade paraguaia, foi encontrado em condições de extrema vulnerabilidade. Embora diversos outros trabalhadores atuassem ali sem os devidos registros em carteira e outros direitos, como FGTS e férias, o idoso estrangeiro era o único mantido pelo empregador em um alojamento extremamente precário, dividindo espaço com animais e com agrotóxicos.

Canal WhatsApp

Em depoimento, ele relatou estar nestas condições há mais de 20 anos, e antes da Fazenda Matão, trabalhou na Fazenda São Francisco, do mesmo proprietário. O idoso e parte dos trabalhadores bebiam água com resíduos sólidos, e precisavam custear a própria alimentação. Caso consumissem carne fornecida pela fazenda, um valor era descontado da remuneração mensal, de R$ 1,5 mil.

O grupo tinha acesso à cidade mais próxima, Bonito (MS), apenas uma vez ao mês, e era conduzido na carroceria de um caminhão da fazenda em uma estrada de chão, por mais de 130 quilômetros, com visibilidade severamente prejudicada pela poeira.

Após o flagrante, o MPT e a DPU convocaram o empregador, proprietário da Fazenda da Matão, e seus representantes jurídicos, para uma audiência administrativa, realizada na sede da Promotoria de Justiça de Bonito.

Os advogados do fazendeiro recusaram o acordo proposto pelas instituições, prevendo o pagamento das verbas rescisórias ao trabalhador, calculadas pela Auditoria-fiscal do Trabalho, valores relacionados à FGTS, férias e 13º, que não foram pagos pelo empregador durante todo o vínculo, ou seja, que ele recebesse pouco mais de R$ 84 mil pelos serviços prestados na propriedade ao longo desse período.

Uma indenização, no valor de R$ 75 mil, equivalente a 50 vezes o salário do trabalhador, também deve ser paga a título de danos morais individuais, e a fim de reparar a grave lesão à sua dignidade.

Trabalho escravo contemporâneo em Mato Grosso do Sul

O número de vítimas do trabalho análogo ao de escravo em Mato Grosso do Sul no ano de 2022 já é quase equivalente ao registrado ao longo de 2021. Até o dia 21 de julho, 72 trabalhadores foram resgatados, conforme relatório da Auditoria-fiscal do Trabalho em Mato Grosso do Sul, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Previdência, do governo federal. Durante todo o ano passado, 81 trabalhadores foram flagrados laborando em condições degradantes.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop