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ESCRAVOS EM MS

Trabalhadores são resgatados em condições análogas à de escravo em interior de MS

43 trabalhadores recrutados em diferentes regiões do Brasil para atuar no plantio de cana de açúcar foram flagrados em condições análogas à de escravo

6 julho 2022 - 13h30Da Redação
Entre as vítimas nove eram mulheres
Entre as vítimas nove eram mulheres - (Fotos: Ascom MPT-MS/Divulgação)

Trabalhadores rurais foram resgatados, no ultimo dia 28, em propriedade rural localizada no município de Naviraí, a 364 km da Capital, em condições análogas à de escravo. Os 43 trabalhadores foram recrutados de diferentes regiões do Brasil, para atuar no plantio de cana de açúcar, e firmaram acordo com o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS), deverão cumprir uma série de obrigações, entre elas, providenciar o retorno de cada um deles aos locais de origem.

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Entre as vítimas, nove eram mulheres, durante operação realizada por força-tarefa composta pela Fiscalização do Trabalho e pela Polícia Militar Ambiental. Aliciados em cidades de Minas Gerais, Maranhão, Piauí e na própria Naviraí, os trabalhadores faziam o plantio manual de cana de açúcar na propriedade, um deles há quase quatro meses, em condições degradantes de trabalho.

Em depoimento, um dos canavieiros contou ter recebido a proposta de trabalho no município de Delta (MG), por meio de um intermediador de mão de obra. Na ocasião, foi feita a promessa de receber R$ 1 real pelo metro quadrado de cana plantado, mais estadia, almoço e jantar. Ele, então, foi levado até Naviraí em um transporte custeado pelo contratante.



Ao chegaram no local, a conversa mudou: a remuneração foi reduzida a parcos R$ 0,70 por metro plantado, a serem pagos a cada 15 dias. Porém, ainda em depoimento, o trabalhador afirmou que outros canavieiros que já estavam há mais tempo no local, vindos do Maranhão, não haviam recebido nada.



Na casa onde o grupo foi instalado não havia geladeira ou filtro de água potável, e foram disponibilizados apenas colchonetes finos. Os canavieiros também não receberam qualquer equipamento obrigatório de segurança para atuar no plantio, e utilizavam luvas e facões levados por eles mesmos.

Um dos trabalhadores relatou ter manifestado o desejo de retornar para casa ao se deparar com o trabalho exaustivo, baixa remuneração e más condições de estadia, mas ouviu do contratante que tivesse "paciência", pois a situação iria melhorar. Outros colegas, segundo ele, já haviam voltado para a cidade de origem, mas somente porque conseguiram obter recursos com familiares para bancar a viagem.

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