
Seis homens, com idades entre 38 e 51 anos, foram encontrados em situação de trabalho análogo à escravidão durante operação da Polícia Civil em uma fazenda localizada em Brasilândia, a 365 km de Campo Grande. O caso, que foi divulgado ontem (22), envolve um grupo econômico milionário, está sendo acompanhado pela Defensoria Pública do Estado.

A ação ocorreu no último dia 19. Dois gerentes da propriedade rural foram presos em flagrante e veículos foram apreendidos. A polícia encontrou os trabalhadores alojados em locais insalubres, como currais e depósitos, sem acesso a condições mínimas de higiene, alimentação adequada ou transporte.
Segundo as autoridades, os homens eram forçados a trabalhar mais de nove horas por dia, de segunda a sábado, e estavam impedidos de deixar a fazenda. Muitos relataram ter caminhado até a cidade em busca de atendimento médico por falta de suporte da empresa.
Defensoria acompanha vítimas e presta assistência - Após o resgate, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul iniciou imediatamente o atendimento às vítimas. A defensora Sara Zam Segura Marçal, responsável pelo caso em Brasilândia, informou que os trabalhadores estão recebendo apoio jurídico e social, incluindo orientações para obtenção de documentos pessoais e acesso a serviços básicos.
“O caso exigiu uma resposta rápida e articulada. Atuamos em conjunto com a polícia, assistência social e outras entidades, garantindo que as vítimas sejam acolhidas com dignidade”, afirmou a defensora.
Parte dos trabalhadores já passou por atendimento na sede da Defensoria, enquanto outros seguem sendo acompanhados. Eles também receberam abrigo, alimentação e roupas fornecidas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Brasilândia.
Durante os atendimentos, os trabalhadores relataram uma série de violações. Dormiam em espaços improvisados, sem ventilação ou camas adequadas, e eram submetidos a jornadas exaustivas sem direito a descanso digno. Também não tinham acesso a Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sofriam restrição de liberdade, sendo impedidos de sair da fazenda.
Além disso, denunciavam descontos abusivos nos salários e alimentação precária. Produtos de higiene e mantimentos eram vendidos por aliciadores ligados à própria fazenda, com valores descontados diretamente da remuneração.
“Essas práticas violam diretamente a dignidade da pessoa humana e o ordenamento jurídico brasileiro”, pontuou Marçal.
