BANNER FESTIVAL DA CARNE 1260X200PX-v1
SÃO PAULO

Emboscada que matou ex-delegado-geral na Praia Grande teve 69 tiros

Ataque com fuzis teria sido coordenado por grupo treinado; polícia investiga possível ligação com o PCC e retaliação por atuação na prefeitura

16 setembro 2025 - 08h25Caio Possati, Marcelo Godoy e Gonçalo Junior
Ruy Ferraz Fontes foi assassinado em emboscada nesta segunda-feira, 15
Ruy Ferraz Fontes foi assassinado em emboscada nesta segunda-feira, 15 - (Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO)
ENERGISA

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado na noite de segunda-feira (15) em uma emboscada brutal em Praia Grande, no litoral sul paulista. A cena do crime contabilizou ao menos 69 disparos de armas de fogo, feitos com armamento pesado, como fuzis calibre 7.62 e 5.56.

Canal WhatsApp

Fontes, que atualmente atuava como secretário municipal de Administração, foi executado ao sair da sede da Prefeitura. O veículo em que ele estava, um Fiat Argo preto sem blindagem, foi prensado por um ônibus durante a fuga, momento em que os criminosos desembarcaram e efetuaram diversos disparos a curta distância.

De acordo com o boletim de ocorrência, a perícia recolheu 17 cartuchos de fuzil 7.62, 31 de 5.56 mm, 15 de pistola 9 mm e outros 6 cartuchos danificados. O carro da vítima foi atingido por pelo menos 29 tiros.

Imagens de câmeras de monitoramento mostram que os criminosos chegaram à Rua Arnaldo Vittuli por volta das 18h e esperaram o ex-delegado por cerca de 15 minutos. Às 18h15, o carro de Fontes passa e já é alvo dos primeiros disparos. Ele tenta escapar, mas colide com um ônibus na Avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas.

A investigação aponta que três homens armados saíram de um veículo e atiraram contra Fontes, enquanto um quarto integrante ficou no carro dando cobertura.

Fontes ficou conhecido por sua atuação incisiva contra o crime organizado, especialmente o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em 2006, ele foi responsável por indiciar toda a cúpula da facção, incluindo Marcola, e, em 2019, como delegado-geral, liderou a transferência do chefe do grupo para um presídio federal.

Fontes da Segurança Pública confirmaram ao Estadão que uma das linhas de investigação relaciona o assassinato à atuação de um líder do PCC que saiu de um presídio federal há cerca de um mês. Outra hipótese é de que o crime tenha ligação com uma licitação da prefeitura que teria prejudicado interesses ligados ao crime organizado.

Histórico de ameaças e violência

Fontes já havia sido alvo de ameaças e atentados anteriormente. Em 2020, escapou de uma emboscada no Ipiranga, zona sul de São Paulo, e em 2022 foi alvo de uma tentativa de assalto na Avenida do Estado. Em dezembro de 2023, sofreu outro assalto no litoral paulista. Após esse episódio, relatou temer pela própria segurança e pela da família.

“Combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro”, afirmou ao Estadão na época.

Terceira vingança do PCC?

Caso se confirme a participação do PCC, esse poderá ser o terceiro caso de represália contra autoridades envolvidas diretamente no combate à facção. Para o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o crime tem características de execução mafiosa.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) assumiu a investigação, com o apoio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande. Dois suspeitos já foram identificados por DNA encontrado no carro utilizado no crime.

Durante a ação, uma mulher e seu filho também foram atingidos por disparos, mas sobreviveram. Testemunhas relataram ter ouvido uma sequência intensa de tiros. “Foram muitos tiros”, disse uma moradora da região.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop