
Após o confronto envolvendo a Polícia Militar (PM) e manifestantes indígenas na reserva Bororó e Jaguapiru, uma reunião será realizada nesta quinta-feira (28), na sede do Ministério Público Federal (MPF) em Dourados, a 250 km de Campo Grande. O encontro busca uma solução definitiva para o bloqueio da rodovia MS-156, que começou na segunda-feira (25) em protesto contra a falta de água potável na região e que continua nesta manhã.

O protesto, que paralisou totalmente o tráfego na rodovia que liga Dourados a Itaporã, começou com reivindicações por acesso a água. Segundo lideranças indígenas, a escassez hídrica na reserva afeta há anos as comunidades, deixando famílias e animais sem recursos básicos de sobrevivência. "Queremos um compromisso formalizado, com contrato assinado, garantindo a perfuração de poços artesianos. Não vamos aceitar promessas vazias novamente", declarou Ramão Fernandes, capitão das aldeias.
A situação ontem (27) chegou no ápice, com o confronto dos militares do Batalhão de Choque, em que a ação incluiu o uso de bombas de efeito moral e balas de borracha. Três feridos, duas mulheres e uma criança, foram encaminhados para internação hospitalar, mas receberam alta hospitalar ontem. No final da tarde, os terena e guarani kaiowá voltaram a interditar a MS-156.
Por outro lado - Como já noticiado pelo portal A Crítica, a Secretaria de Segurança Pública (Sejusp) divulgou uma nota justificando a operação policial, alegando que todas as vias de negociação foram esgotadas. “A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, agiu na manhã desta quarta-feira para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas”, diz o comunicado. O Governo do Estado afirmou ainda que mantém diálogo com as partes envolvidas e lamentou os episódios de violência.
Mesmo após a ação policial, os manifestantes seguem no local e reiteram que o bloqueio só será suspenso mediante garantias concretas. “A situação é insustentável. Não temos água para nossas famílias, e até os animais estão morrendo de sede. Este protesto é nossa última alternativa para sermos ouvidos pelas autoridades”, declarou Ramão Fernandes.
A reunião acontece com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Mato Grosso do Sul (OAB/MS), da coordenadora da Funai em Dourados, Teodora de Souza, e da secretária estadual de Cidadania, Viviane Luiza.
