
O rapper Oruam, preso na terça-feira (22), está sendo investigado por sua ligação com facções criminosas e por atuar como mediador entre líderes do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP). De acordo com o relatório de inteligência da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), obtido com exclusividade pelo SBT Rio, Oruam desempenhava um papel de "agente articulador" no tráfico de drogas fluminense, mediando conversas entre chefes do crime, como o traficante Doca, líder do CV, e Cocão e Coelhão, do TCP.

Conflitos entre facções
Segundo o relatório, Oruam teria participado da mediação de um acordo para reduzir os confrontos armados entre as facções, buscando cessar os danos causados pelos confrontos internos e pela repressão policial. Essa estratégia visava minimizar os prejuízos das facções, já que a crescente repressão estatal tem resultado em perdas significativas para as organizações criminosas.
Imagens vazadas
Imagens de chamadas de vídeo entre Oruam e os líderes criminosos vazaram nas redes sociais, evidenciando sua atuação como intermediário. Essas imagens mostraram Oruam ao lado de Doca e outros traficantes de destaque, incluindo Rabicó, chefe do Complexo do Salgueiro. Para a polícia, o rapper é uma figura de destaque dentro do tráfico, com acesso privilegiado e respeitabilidade dentro do universo criminoso.
Indiciamento e crimes
O rapper foi indiciado por sete crimes, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico, desacato, resistência, ameaça, dano e lesão corporal. Após a Justiça decretar sua prisão preventiva, Oruam se entregou voluntariamente à polícia e foi levado à Penitenciária Dr. Serrano Neves, em Bangu. Durante sua prisão, ele negou envolvimento com o crime organizado e se declarou inocente, afirmando que “não é bandido”.
A mansão como refúgio de criminosos
A casa de Oruam, localizada no Joá, zona oeste do Rio de Janeiro, foi identificada pelo Ministério Público como um refúgio de criminosos foragidos. Em fevereiro, agentes da polícia encontraram o traficante Yuri Pereira Gonçalves, conhecido como "Batata", em sua mansão, junto com uma pistola 9mm e munições. Essa é a segunda vez que um criminoso procurado foi encontrado na residência do rapper.
Reações e negações
Apesar das evidências, Oruam tem se mostrado firme em sua negação de envolvimento com o tráfico. Ele afirmou em entrevista ao SBT que não sabia do mandado de busca e apreensão contra o adolescente Menor Piu, de 17 anos, que foi procurado por envolvimento com o tráfico e crimes patrimoniais.
Quem é Oruam
Rapper Oruam em show (Foto: Reprodução)
O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, é filho de Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho, condenado a 44 anos de prisão por crimes como homicídios e organização criminosa. Aos 24 anos, Oruam é um dos artistas mais populares do Spotify, com mais de 10 milhões de ouvintes mensais, e mantém um estilo de vida ostentador. Apesar de seu laço familiar com o tráfico, o cantor sempre negou envolvimento com o crime organizado, atribuindo suas conquistas à sua carreira musical.
Apoio de fãs e controvérsias
Ativo nas redes sociais, Oruam tem uma base de fãs fiel, conhecida como "Tropa do Oruam", que o acompanha em sua jornada, incluindo momentos de polêmicas, como no festival Lollapalooza, quando pediu a liberdade de seu pai. Recentemente, a "Lei anti-Oruam", proposta por uma vereadora de São Paulo, gerou debate sobre artistas que supostamente fazem apologia ao crime organizado.
