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NACIONAL

PCC espalha influência por 28 países e preocupa autoridades internacionais

Relatório do Ministério Público de São Paulo aponta atuação global da facção, com presença concentrada na América do Sul e núcleos na Europa, Ásia e EUA

26 junho 2025 - 09h55Ítalo Lo Re
Integrantes do PCC: facção tem mais de 2 mil soldados fora do Brasil.
Integrantes do PCC: facção tem mais de 2 mil "soldados" fora do Brasil. - Foto: Alex Silva/Estadão

Mais de 30 anos após sua fundação em um presídio de Taubaté (SP), o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou de ser apenas uma organização criminosa de atuação nacional e passou a integrar o cenário internacional do crime. De acordo com um levantamento do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a facção possui ao menos 2 mil integrantes espalhados por 28 países, além do Brasil.

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Os dados, coletados e organizados no fim de 2023, indicam que a maior presença do grupo fora do país está na América do Sul, com destaque para o Paraguai, que concentra 699 membros identificados. Venezuela (656) e Bolívia (146) aparecem na sequência, formando um cinturão regional de influência que reforça as rotas do narcotráfico e outras atividades ilegais na fronteira com o Brasil.

O relatório do MP-SP revela ainda que a atuação do PCC não se limita ao tráfico de drogas. Em diversos países, a presença da facção pode estar ligada a crimes como lavagem de dinheiro, apoio logístico e conexão com outras redes criminosas.

Na Europa, Portugal é o país com maior número de membros identificados (87), seguido por Espanha (26) e França (11). Bélgica, Suíça, Inglaterra, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Sérvia e Turquia (país que ocupa áreas na Europa e Ásia) também aparecem na lista, com até três integrantes mapeados em cada localidade.

No Japão, foram encontrados três membros atuando, enquanto no Líbano foi identificado um integrante da facção. Nos Estados Unidos, país que já incluiu o PCC entre os alvos de sanções contra o narcotráfico internacional, 15 "soldados" foram apontados no levantamento.

Cooperação internacional na mira do MP - O documento tem sido utilizado pelo Ministério Público paulista como instrumento estratégico para reforçar pedidos de cooperação internacional. As informações vêm sendo compartilhadas com consulados e embaixadas de diversos países, com o objetivo de estabelecer canais de diálogo e fortalecer ações conjuntas de investigação e combate ao crime organizado.

A base do mapeamento inclui dados de inteligência e monitoramento de integrantes que compõem as chamadas "sintonias" da facção — um termo usado internamente para se referir aos grupos de liderança e organização da estrutura criminal.

Criado em 1993, o PCC passou a operar inicialmente dentro do sistema penitenciário paulista e, ao longo das décadas, expandiu sua influência para fora dos presídios e do Brasil. A presença em outros países não significa, necessariamente, uma tentativa de dominar mercados locais de drogas, mas pode estar associada a tarefas operacionais, como envio de cargas ilícitas, ocultação de recursos e articulação com grupos estrangeiros.

A estrutura da facção, que mistura hierarquia rígida e disciplina interna, facilita esse tipo de atuação transnacional, segundo especialistas em segurança pública.

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