
A Polícia Civil de São Paulo desmantelou, na quarta-feira, 30, um laboratório clandestino que produzia ilegalmente medicamentos para emagrecimento, no município de Santo André, no ABC paulista. A investigação foi iniciada após uma denúncia anônima informando sobre a prática ilegal de fabricação de remédios para emagrecer, especialmente utilizando a substância tirzepatida, que é um dos componentes do medicamento Mounjaro.

O laboratório funcionava em um condomínio comercial no bairro Jardim, perto do centro de Santo André, e produzia remédios a partir de insumos importados. Durante a operação, os agentes encontraram no local uma grande quantidade de substâncias utilizadas para tratar diabetes, além de seringas, canetas aplicadoras de insulina, ampolas e tubos de ensaio. Também foram encontrados documentos detalhando o processo de manipulação e listas com os nomes dos clientes que compravam os medicamentos.
O Mounjaro, um medicamento aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro do ano passado para o tratamento do diabetes tipo 2, é amplamente utilizado de forma off-label para emagrecimento. Nos Estados Unidos, o medicamento também foi aprovado para tratar a obesidade. No Brasil, a dosagem mensal do Mounjaro pode custar entre R$ 3.000 e R$ 4.000, tornando-o inacessível para muitas pessoas que buscam a substância de forma ilegal.
O principal suspeito do esquema, um homem de 69 anos, foi preso durante a operação. Ele foi identificado como um dos responsáveis pela operação do laboratório clandestino e foi detido por adulteração de produtos terapêuticos e medicinais. A polícia ainda não revelou a identidade do suspeito, o que impossibilitou o contato com sua defesa.
Durante as buscas, os policiais também encontraram embalagens que indicavam que os insumos usados na fabricação dos remédios provinham de uma distribuidora farmacêutica americana, aprovada pela Anvisa e outras agências internacionais para fornecer tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro. Contudo, as investigações indicam que a substância pode ter sido importada ilegalmente do Paraguai.
Além dos insumos, a polícia apreendeu três notebooks e cinco celulares, que agora passarão por perícia. As investigações seguem para identificar os demais envolvidos no esquema, tanto na compra quanto na distribuição dos remédios ilegais.
A reportagem entrou em contato com a Eli Lilly do Brasil, fabricante do Mounjaro, mas ainda aguarda retorno sobre o caso.
