
Em Campo Grande, entre os meses de janeiro e dezembro de 2011, foram registradas 1.234 ocorrências de estelionato. O levantamento anual divulgado pela Secretaria de Justiça a Segurança Pública (Sejusp) mostra que reduziu em quase 2% o número de casos, se comparado ao mesmo período de 2010, quando foram registradas 1.254 crimes desse tipo.

De acordo com o delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários (Dedfaz), Fernando Villa de Paula, a atuação da polícia tem contribuído para a redução dos números de casos de estelionato na Capital. “Procuramos informar a população, juntamente com o Estado, para que as pessoas não caiam em golpes tão comuns como bilhetes premiados, por exemplo. Reforçar essas informações tem contribuído para que os números de registros sejam menores a cada dia”, comentou o delegado.
O crime de estelionato é caracterizado quando existe vantagem ilícita sobre qualquer negociação ou transação utilizando mecanismos como fraude documental ou até mesmo a criação de um cenário para enganar ou iludir, induzindo a pessoa com quem se está firmando o negócio ao erro.
“As vítimas de estelionato, na maioria dos casos, caem nos golpes por visualizar neles a possibilidade de se ganhar dinheiro fácil. Existem sim bons negócios, mas é preciso desconfiar daqueles muito lucrativos. Quanto melhor for o negócio, mais cuidados se deve ter. É fundamental estar cercado do maior número de informações para certificar-se de que não é um golpe. Na maioria dos casos um simples telefonema evita que o cidadão seja vítima de um estelionatário”, explica Fernando Villa de Paula .
Casos
Dois casos ocorridos na Capital nos últimos tempos chamam a atenção do delegado da Dedfaz. Segundo ele a falta de informações antes de concluir as transações contribuiu para execução dos golpes.
Um deles é o caso de um borracheiro que perdeu R$ 16 mil em uma transação de compra de pneus. O homem se apresentou como funcionário da Receita Federal e disse que estava comercializando um lote de pneus, que, segundo o estelionatário, era fruto de uma apreensão da polícia na região de fronteira. “Se este borracheiro tivesse ligado na Receita seria informado que nenhuma apreensão realizada pela polícia é comercializada desta forma. Ele seria informado que isso não é possível”, esclarece o delegado.
Os grandes golpes - onde cerca de 99% deles estão relacionados a documentação falsa - registraram outro caso que também ganhou destaque na análise do delegado de Paula. Uma venda ilegal de uma propriedade rural gerou prejuízo de R$ 170 mil a um fazendeiro. “Neste caso o estelionatário passou um cheque administrativo de um banco, deu um sinal de apenas R$ 3 mil e lavrou em cartório a escritura do imóvel em nome de cinco pessoas, antes de receber o cheque. São muitos fatos incomuns em uma negociação. A desconfiança deveria ser imediata e ainda foram utilizados RG e CPF falsos”, pontua o titular da Dedfaz.
Dicas
Os golpes aplicados por estelionatários têm ganhado novas versões com o passar dos anos. Alguns utilizam ferramentas cotidianas como telefone, internet e sistemas eletrônicos dos bancos. O Código Penal, em seu artigo 171, define vários tipos de estelionato e fraude. Os golpes são tantos que o artigo da lei, o 171, virou gíria para descrever pessoas que praticam os golpes. Fernando de Paula alerta a população para esta prática, e dá algumas dicas para evitar os golpes mais comuns registrados na Capital.
Os estelionatários, em alguns casos, contam com a ganância e ambição das vítimas para completar seus golpes e lucrar. Normalmente, a vítima fica empolgada ante a menor possibilidade de obter uma boa quantia de dinheiro fácil.
O golpe do bilhete premiado também é um dos mais comuns em Campo Grande. É bastante antigo, mas ainda faz vítimas. A orientação da Polícia é: se aparecer alguém com um bilhete premiado querendo vender tenha cuidado que você pode estar sendo atraído por um golpista. Normalmente, ele diz estar precisando de um dinheiro naquele momento e, apressado, deixa o bilhete como garantia à vítima dizendo que já volta com o dinheiro para resgatá-lo. Só que nunca mais aparece, deixando a pessoa com um bilhete sem valor algum, o que a vítima verificará ao tentar retirar o “prêmio”.
O conhecido golpe da venda por procuração falsa também é outro tipo de crime que ganha destaque nas ocorrências recebidas pela polícia, mas que pode ser evitado com algumas precauções por parte de quem compra o imóvel. Ao comprar uma propriedade, o interessado deve examinar toda a sua documentação e ter contato com o verdadeiro dono. “O estelionatário geralmente oferece o bem com valor abaixo do cobrado no mercado. Esta já é uma forma de desconfiar da legalidade do negócio”, alerta o delegado.
A segurança dos cheques também foi lembrada pelo responsável da Dedfaz. Nestes casos, o estelionatário faz rasura da numeração, clonagem, alterações de valores, entre outras ilegalidades. A primeira forma de se evitar um golpe destes é redobrar a atenção. Se o comerciante desconfia da pessoa que está emitindo o cheque ou até mesmo da validade deve consultar os serviços de proteções ao crédito ou o banco emissor da folha. “O estelionato com cheques de terceiros é mais comum. Para evitar receber um cheque roubado, clonado, ligue para o proprietário do cheque ou para a instituição bancária. São cuidados básicos que podem evitar um golpe maior”, enfatiza Fernando Villa de Paula.
