
Na terça-feira (12), a Polícia Federal deflagrou uma operação que expôs as atividades de uma quadrilha atuando na fronteira entre a Bolívia e o Brasil. A operação, batizada de Waterworld, revelou que o grupo contrabandeava combustível boliviano para o Brasil por meio do Rio Paraguai, na região do Pantanal sul-mato-grossense. Com os primeiros desdobramentos, os investigadores agora suspeitam que as mesmas embarcações possam estar sendo usadas para o tráfico de drogas.

As investigações apontam que o combustível trazido ilegalmente da Bolívia era destinado a fazendeiros locais e também trocado por serviços de prostituição, incluindo exploração sexual de menores, e por carne de animais silvestres do Pantanal. A Polícia Federal revelou que oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Corumbá e um em Campo Grande, com o objetivo de reunir provas sobre a organização e identificar outros envolvidos.
Rota de tráfico e apreensões - Além do contrabando de combustível, a operação agora busca entender se as embarcações da quadrilha também traziam cocaína da Bolívia, país conhecido por sua produção de coca. A rota do Rio Paraguai já é historicamente usada por outros grupos criminosos para o tráfico de drogas. Durante a operação, a PF confiscou três armas longas, munições, três embarcações de grande porte, uma embarcação menor, um caminhão e uma picape Fiat Toro.
A PF destacou que o combate ao crime organizado no Pantanal é uma prioridade, e a operação Waterworld é mais um esforço para desmantelar redes criminosas que afetam a região. “A PF de Corumbá reitera seu compromisso com a prevenção e repressão a crimes que afetam o Pantanal, reafirmando sua atuação incisiva contra o crime organizado na região”, informou a corporação em nota.
O histórico do contrabando de combustível - O contrabando de combustível entre Bolívia e Brasil é uma prática antiga na fronteira. A situação se intensificou durante a pandemia, quando o preço da gasolina no Brasil disparou. Relatórios do Correio do Estado apontam que, em 2021, até 20 mil litros de gasolina eram transportados ilegalmente por dia para o Brasil, gerando um volume de negócios que podia alcançar R$ 1,9 milhão nos dias úteis. O combustível boliviano, subsidiado pelo governo local, é significativamente mais barato que o vendido no Brasil, atraindo consumidores e contrabandistas.
As autoridades bolivianas, cientes do problema, têm aumentado a fiscalização para reduzir esse fluxo ilegal, mas a prática persiste. Agora, com as investigações da Polícia Federal, espera-se que novas etapas da operação Waterworld tragam à tona mais detalhes sobre o esquema e confirmem se há conexão com o tráfico de drogas e outros crimes na região do Pantanal.
