
A Polícia Federal está aprofundando as investigações sobre a origem do metanol encontrado em bebidas alcoólicas adulteradas que já causaram 17 mortes no país. Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, uma das principais hipóteses é de que o produto tenha vindo de tanques abandonados após a Operação Tank, deflagrada recentemente contra o crime organizado no setor de combustíveis.

A declaração foi feita nesta terça-feira (7), durante uma reunião com representantes da indústria de bebidas, preocupados com os impactos da atual crise sanitária. “Essa é uma hipótese que está sendo trilhada e acalentada pela Polícia Federal”, afirmou Lewandowski, referindo-se à possibilidade de que o metanol seja de origem mineral, com uso industrial, o que reforçaria a conexão com os esquemas investigados na Operação Tank.
Contaminação atinge 13 estados e setor teme prejuízos
O Brasil já soma 217 notificações de intoxicação por metanol, sendo 17 confirmadas até o momento. A maioria dos casos se concentra em São Paulo, com cerca de 80% das ocorrências. Também há registros em outros estados, como Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.
A preocupação com a reputação e segurança do setor levou o Ministério da Justiça a criar um comitê emergencial, com participação da iniciativa privada e da sociedade civil. O grupo trabalhará em ações repressivas e protetivas, buscando soluções rápidas e eficientes.
“Não queremos paralisar um setor importante da economia. Vamos atacar aqueles comerciantes que estão adulterando bebidas intencionalmente e preservar os que atuam na legalidade”, garantiu Lewandowski.
Além da busca pela origem do metanol, a PF e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) investigam o comércio clandestino de rótulos, lacres e tampas na internet — itens usados para forjar a aparência de produtos legalizados.
“Essa é uma área que precisa ser atacada. É aí que temos grande parte da origem das bebidas adulteradas com metanol”, alertou o ministro.
O secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, informou que 30 estabelecimentos e 25 distribuidoras já foram notificados para prestar esclarecimentos sobre suas cadeias de fornecimento. A Senacon também trabalha na validação de testes rápidos para detectar a presença de substâncias tóxicas nas bebidas.
Governo promete proteger indústria e consumidor
O site oficial da Senacon passará a contar com uma seção específica para acompanhar as medidas adotadas no enfrentamento da crise. A plataforma será usada para informar o público, coletar denúncias e divulgar resultados das operações.
A mobilização ocorre num momento crítico para o setor. Desde a morte de três pessoas por ingestão de bebida contaminada em São Paulo, os casos vêm se espalhando e aumentando a pressão sobre as autoridades.
Segundo Lewandowski, o foco das investigações não se limita a facções já conhecidas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), mas inclui também quadrilhas especializadas na distribuição ilegal de metanol para adulteração de bebidas.
