
A Polícia Federal (PF) deflagrou neste domingo, 19 de outubro, a Operação R1, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que planejava fraudar o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) de 2025. A ação, realizada em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), ocorreu durante a aplicação da prova em todo o país.

Segundo a PF, o grupo investigado cobrava até R$ 140 mil por candidato aprovado para ingresso em programas de residência médica. O nome da operação faz referência à sigla "R1", utilizada para designar o primeiro ano da residência médica, etapa de pós-graduação voltada a médicos formados.
Esquema utilizava tecnologia e falsidade ideológica - As investigações apontaram duas estratégias principais utilizadas pelo grupo criminoso. A primeira consistia no uso de dispositivos eletrônicos para transmitir respostas corretas aos candidatos durante o exame. A segunda envolvia a prática de "substituição de candidato", em que indivíduos com documentos falsos realizariam a prova no lugar dos verdadeiros inscritos.
Durante a operação, policiais apreenderam equipamentos usados para comunicação durante a aplicação da prova, como pontos eletrônicos e transmissores de dados.
Ao todo, oito pessoas foram presas. Cinco delas — quatro homens e uma mulher — foram flagradas participando do exame com equipamentos eletrônicos em locais de prova. Com elas, foram encontrados dispositivos de transmissão de dados.
Simultaneamente, agentes federais cumpriram mandado de busca e apreensão em uma residência no Rio de Janeiro, relacionada a um dos candidatos presos. Em Juiz de Fora (MG), a PF prendeu outros três homens que seriam os responsáveis por enviar as respostas corretas aos candidatos, hospedados em um hotel da cidade.
Todos os presos foram encaminhados à delegacia da Polícia Federal em Juiz de Fora para depoimento. Em seguida, foram conduzidos ao sistema prisional, onde permanecem à disposição da Justiça. Os dispositivos apreendidos passarão por perícia técnica federal.
Crimes e punições - Os suspeitos poderão responder por fraude em certames de interesse público, falsidade ideológica e associação criminosa, cujas penas, somadas, podem ultrapassar 10 anos de reclusão.
A PF segue com as investigações para identificar outros envolvidos no esquema, incluindo candidatos que poderiam estar relacionados à tentativa de fraude, mas não foram flagrados no momento da prova.
Esta edição do Enamed contou com cerca de 96 mil candidatos, que realizaram a prova em 225 cidades brasileiras. Pela primeira vez, os resultados poderão ser usados para acesso à residência médica por meio do Exame Nacional de Residência (Enare). Os dados também servirão para subsidiar políticas públicas voltadas à formação médica no Brasil.
