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Entre estradas que levam à Bolívia e ao Paraguai, Mato Grosso do Sul virou peça central do maior esquema do PCC fora de São Paulo. A facção se aproveitou da geografia da fronteira e montou no Estado um ciclo completo: entrada de cocaína, transporte para a Europa e os Estados Unidos, e lavagem de dinheiro em empresas registradas em endereços nobres de Campo Grande e Iguatemi.

A Polícia Federal e o Gaeco, grupo do Ministério Público especializado no combate ao crime organizado, descobriram que a rede era chefiada por Mohamad Houssein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Loko”. O dinheiro do tráfico passava por distribuidoras de combustíveis em Iguatemi, cidade próxima ao Paraguai, e seguia para fintechs em São Paulo, onde era “limpo” em transações sofisticadas.
Só em Iguatemi, em um único endereço, funcionavam oito empresas de combustíveis com capital estimado em R$ 36 milhões. Algumas eram comandadas por condenados e até procurados da Interpol. Outras serviam como fachada para operações milionárias. Em Campo Grande, filiais da rede se espalhavam pela Avenida Afonso Pena, pelo Centro e pelo Jardim dos Estados.
As investigações mostram que o Estado foi usado como ponto estratégico para movimentar bilhões. Iguatemi, pela proximidade com a fronteira, virou polo logístico. Dourados entrou no mapa por rotas de caminhões que transportavam combustível adulterado. O esquema de fraude fiscal desviou mais de 10 milhões de litros de metanol, misturado ilegalmente à gasolina.
Esquema da Operação Carbono Oculto mostra como combustível era desviado e dinheiro lavado em empresas de fachada.
A Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, prendeu nomes centrais da quadrilha, entre eles policiais acusados de dar cobertura às atividades ilegais. Os investigadores apontam que o PCC não se limita mais ao tráfico: expandiu seus negócios para o mercado imobiliário, financeiro e até para redes formais de distribuição de combustíveis.
Armas, celulares e joias apreendidos pela Polícia Federal em endereços ligados ao PCC.
Para autoridades, a infiltração da facção em Mato Grosso do Sul mostra que a fronteira não é apenas passagem de drogas, mas também parte essencial da engrenagem econômica do PCC.
