
A Justiça do Rio de Janeiro condenou, nesta quinta-feira (11), o oficial da Marinha Cristiano da Silva Lacerda a 80 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato do casal de idosos Geraldo Pereira Coelho, de 73 anos, e Osélia da Silva Coelho, de 72. O crime ocorreu em junho de 2022, dentro do apartamento onde o réu morava com o ex-companheiro, no bairro Jardim Botânico, zona sul da capital fluminense.
A sentença foi proferida pelo Conselho de Sentença do III Tribunal do Júri da Comarca da Capital, após julgamento que começou na tarde de quarta-feira (10) e foi presidido pela juíza Tula Corrêa de Mello. Além da pena de prisão, Lacerda perdeu o cargo na Marinha do Brasil e foi condenado a pagar R$ 200 mil por danos morais a cada um dos filhos das vítimas.
Crime ocorreu durante visita dos pais ao filho - De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, Geraldo e Osélia estavam no apartamento do filho, Felipe da Silva Coelho, professor de inglês e ex-namorado do acusado, quando foram mortos. Felipe havia mantido um relacionamento com Lacerda e, embora estivessem separados, os dois ainda dividiam o imóvel.
Segundo a acusação, o crime foi cometido de forma premeditada e com extrema violência. As vítimas foram atacadas enquanto estavam deitadas em um sofá-cama, sem qualquer possibilidade de defesa. O laudo apontou que ambos receberam um elevado número de facadas.
Para o Ministério Público, o assassinato foi motivado por vingança. Lacerda teria agido por não aceitar o fim do relacionamento com o filho das vítimas e, com isso, buscou provocar sofrimento extremo ao ex-companheiro.
“O crime se deu por vingança, pois o acusado, inconformado com o fim do relacionamento amoroso que mantinha com o filho das vítimas, quis lhe causar intenso sofrimento assassinando seus pais, ambos idosos”, sustentou o MP durante o julgamento.
O júri acolheu integralmente a tese da acusação e reconheceu o homicídio qualificado, cometido por meio cruel e contra vítimas em situação de vulnerabilidade.
Na sentença, a juíza Tula Corrêa de Mello ressaltou que a pena elevada se justifica não apenas pela brutalidade do crime, mas também pela condição funcional do réu. Lacerda ocupava o posto de capitão de fragata, considerado um alto cargo dentro da Marinha.
“Maior deve ser a reprovabilidade em razão do fato de o acusado ser militar. Por ser servidor público das Forças Armadas, deveria utilizar seus ensinamentos militares em prol da sociedade, e não contra iguais, tirando a vida de dois idosos a facadas”, afirmou a magistrada.
A defesa de Cristiano da Silva Lacerda foi procurada após a divulgação da sentença, mas não havia se manifestado até o fechamento desta reportagem. Cabe recurso da decisão.
O caso teve grande repercussão no Rio de Janeiro pela violência do crime, pelo perfil das vítimas e pelo fato de o autor ser um oficial das Forças Armadas. Para familiares e amigos, a condenação representa um passo importante na busca por justiça.

