
Levantamento do Departamento de Inteligência Policial (Dipol), da Polícia Civil paulista, identificou transações suspeitas que somam R$ 16,8 bilhões entre janeiro de 2024 e maio de 2025. A investigação mapeou movimentações em 100.097 contas bancárias, algumas delas relacionadas a nomes conhecidos do narcotráfico, como André Oliveira Macedo, o André do Rap, foragido desde 2020.

Entre os dados analisados, constam valores suspeitos que chegam a R$ 25 milhões envolvendo empresas ligadas ao traficante. Condenado a 25 anos de prisão em dois processos, André do Rap é considerado uma das figuras centrais do tráfico internacional no Brasil. Desde sua soltura, determinada por uma liminar do então ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele está desaparecido.
Luxo e disfarces em vida de fugitivo - Antes de voltar à condição de foragido, André vivia entre Santos e Angra dos Reis, onde mantinha uma rotina marcada por luxo, festas e uso de helicópteros fretados. Ele disfarçava sua atividade criminosa sob a fachada de empresário do ramo artístico e esportivo.
A polícia chegou até ele em 2019 ao rastrear a compra de uma lancha de 60 pés, avaliada em R$ 6 milhões. A embarcação era cuidada por marinheiros e o imóvel onde estava abrigada contava com funcionários e caseiros. Também foram apreendidos um helicóptero e um carro Hyundai Tucson.
André do Rap foi preso pela primeira vez em 1996, aos 19 anos, por tráfico de drogas. Durante o período em que esteve na antiga Casa de Detenção, no Carandiru, passou a ter contato com o rap — influência que manteve ao longo da vida. Em 2005, já detido novamente, foi integrado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo registros da Inteligência Policial.
Solto e preso em diversas ocasiões, André também se aventurou no universo musical, compondo letras que exaltavam a criminalidade e a resistência contra a polícia. Em uma das músicas, ele se apresentava como “um guerreiro armado e perigoso” e “mente criminosa da legião do mal”.
Em outubro de 2020, a soltura de André foi autorizada por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello, sob o argumento de que havia excesso de prazo na prisão provisória, o que violaria a legislação. Embora a medida tenha sido revogada pelos demais ministros do Supremo, o traficante já havia deixado a penitenciária e não foi mais localizado.
A decisão gerou críticas na época, especialmente por se tratar de um réu ligado ao crime organizado. A nova legislação aprovada com o pacote anticrime em 2019 determina que a prisão provisória seja reavaliada a cada 90 dias — o que, na visão de Mello, não teria ocorrido.
