
Campo Grande, 7 de setembro de 2024, uma noite aparentemente comum. O calor abafado do início de primavera toma as ruas do bairro Coronel Antonino, enquanto uma mulher caminha aflita até a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC) no centro da cidade. A razão de sua angústia: o desaparecimento de seu marido, um motorista de aplicativo, que saiu para uma corrida e nunca mais voltou.

O desenrolar inesperado - O último contato que ela teve com o marido foi por mensagem, enviada por volta das seis da tarde. Ele contou, de forma casual, que estava a caminho de Aquidauana para uma corrida. Nada fora do comum, exceto por um detalhe: a localização que ele compartilhou mostrava outro lugar — Terenos, uma cidade menor, conhecida mais pelos seus pesqueiros e paisagens bucólicas do que por ser destino frequente de corridas de aplicativo.
Essa inconsistência já seria suficiente para despertar preocupação, mas o comportamento do motorista nos últimos momentos também causou estranheza. Não era comum ele pegar corridas para fora de Campo Grande sem avisar antes, e ainda menos comum ficar sem dar notícias para a família. O tempo foi passando, o sol se pôs, e as horas se arrastaram sem que houvesse qualquer nova mensagem ou ligação. Os dois celulares que ele normalmente carregava estavam desligados, um silêncio que contrastava com sua habitual comunicação constante.
A última localização - A localização que o motorista enviou para a esposa antes de desaparecer marcava uma área próxima ao Loteamento Patury, na zona rural de Terenos, nas imediações de um pesqueiro local. É uma região isolada, pouco movimentada, e a imagem de um carro de aplicativo ali, estacionado ou em movimento, parece destoar da tranquilidade do lugar. Não se sabe por que ele foi parar ali ou se foi por escolha própria.
O homem, descrito como alto e moreno, usava uma camiseta estampada, chinelos e uma bermuda jeans rasgada quando saiu para trabalhar. Além de seu trabalho formal, dirigia um Chevrolet Prisma 1.4 preto nas horas vagas para complementar a renda da casa, prática comum entre muitos trabalhadores brasileiros em tempos de economia instável. Ele é também um pai presente, com o nome de uma de suas filhas tatuado no antebraço, um pequeno detalhe que agora parece carregar mais significado.
A incerteza e o medo - O desaparecimento tem todos os elementos de um mistério que confunde e assusta. Como pode um motorista desaparecer em plena luz do dia, em um trajeto que deveria ser apenas mais uma corrida rotineira? O que aconteceu entre a saída de casa e o envio daquela estranha localização? E o que é mais preocupante: por que ele não retornou?
Para familiares e amigos, a situação é desoladora. Acostumados à rotina previsível do motorista, a ideia de que ele possa ter decidido simplesmente "dar uma volta" ou pegar uma corrida para longe sem avisar parece improvável. A ausência de notícias e o silêncio de seus aparelhos eletrônicos aumentam o medo de que algo sério tenha acontecido.
O que se sabe até agora - Com a situação cada vez mais tensa, a esposa resolveu procurar a delegacia. Lá, detalhou todo o episódio para as autoridades. Ela mencionou, inclusive, que o marido costumava estar em contato constante com a família e que não costumava fazer viagens para fora da cidade. A polícia, atenta aos fatos e detalhes fornecidos, deu início à investigação, mas, até o momento, o caso permanece aberto e sem respostas concretas.
O enredo é típico de muitas histórias contemporâneas de desaparecimentos no Brasil: um trabalhador que sai para fazer o que parece ser mais um dia de labuta e, de repente, some sem deixar rastro. Em uma época marcada pela conectividade quase constante, o silêncio prolongado gera ainda mais inquietude. E cada segundo sem notícias alimenta a angústia dos que esperam por respostas.
O mistério em aberto - Neste momento, o que mais inquieta os que acompanham o caso é o desconhecido. Para onde foi o motorista? O que aconteceu na viagem? Quem, ou o quê, o aguardava em Terenos? As perguntas são muitas, mas as respostas ainda estão longe de serem alcançadas.
O carro, um Chevrolet Prisma preto, também não foi localizado. Sem pistas adicionais e com a ausência de sinais claros, a investigação segue em busca de informações. Para além das ruas movimentadas de Campo Grande, a região rural de Terenos guarda seus segredos, e as autoridades seguem em seu esforço para desvendá-los.
