
O líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, foi transferido do Presídio Federal de Brasília para o sistema prisional paulista. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), ele está recolhido na Penitenciária II de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo — unidade de segurança máxima que abriga outros integrantes da facção.

A mudança já havia sido autorizada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em 31 de julho. Tuta ficou cinco meses na capital federal, onde também está preso Marcola, considerado o principal líder do PCC.
Foragido desde 2020, Tuta foi capturado em 16 de maio, na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, ao tentar renovar uma identidade boliviana com um documento falso brasileiro. Expulso do país dois dias depois, ele foi entregue às autoridades brasileiras e levado diretamente ao presídio federal em Brasília.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) já defendia, desde então, que Tuta fosse transferido para uma penitenciária paulista, argumentando que ele não tem condenação com trânsito em julgado nem responde a crimes na esfera federal.
“Quando foi recapturado na Bolívia e entregue às autoridades brasileiras, ele já deveria ter sido trazido direto para São Paulo, para cumprir pena aqui”, afirmou o MP em nota.
Apontado como um dos principais articuladores financeiros do PCC, Tuta foi considerado o “número 1” da facção fora dos presídios. Mesmo sem ocupar mais posição de liderança formal, ele ainda exerce influência na cúpula do grupo.
Marcos Almeida tem condenações por lavagem de dinheiro e associação criminosa, sendo suspeito de comandar o envio de R$ 1,2 bilhão ao exterior — dinheiro obtido com o tráfico de drogas e outras atividades ilegais. Sua atuação foi identificada na Operação Sharks, que investigou o esquema de lavagem do PCC.
Em 2020 e 2023, ele chegou a ser alvo de mandados de prisão, mas não foi localizado. Tuta também chegou a ocupar o cargo de adido comercial do consulado de Moçambique em Belo Horizonte (MG). O país africano tem sido apontado como nova rota do tráfico internacional de drogas. Em 2021, a Polícia Federal apreendeu cinco toneladas de cocaína no Porto do Rio de Janeiro — o carregamento passaria por Moçambique antes de seguir para a Espanha.
A defesa de Tuta foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta matéria.
