
A Justiça do Trabalho da Paraíba determinou o bloqueio de bens do influenciador Hytalo Santos e de seu marido, Israel Nata Vicente, presos desde a última sexta-feira (15) em São Paulo, por suspeita de tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho infantil. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), que conduz as investigações.

O bloqueio, autorizado na segunda-feira (18), inclui cinco veículos de luxo, empresas e outros bens, com valor estimado em até R$ 20 milhões. De acordo com o MPT, a medida busca garantir o pagamento de indenizações coletivas e reparações às vítimas, caso haja condenação. A defesa do casal nega as acusações e considera a prisão "extrema".
Segundo o procurador do Trabalho Flávio Gondim, responsável pelo inquérito, a investigação começou após uma denúncia anônima em dezembro de 2024. Desde então, mais de 50 vídeos foram analisados e 15 pessoas ouvidas, incluindo ex-funcionários, familiares e representantes de escolas. O material levantado, segundo o MPT, indica que a casa do influenciador funcionava como um “reality show” com produção contínua de conteúdos, envolvendo adolescentes em situações de exploração.
O MPT aponta indícios de três práticas: trabalho infantil digital, exploração sexual e tráfico de pessoas, caracterizado por deslocamento e alojamento de menores em condições irregulares. O procurador destacou ainda que depoimentos revelaram afastamentos prolongados de adolescentes da escola, além de tentativas de naturalizar a rotina.
Além da ação principal, o MPT instaurou duas novas investigações contra o influenciador. Uma apura suspeita de assédio sexual contra funcionários, e a outra investiga denúncias de maus-tratos, assédio moral e violência física.
“Esses fatos mostram a gravidade das violações trabalhistas e de direitos humanos. É um caso complexo, que envolve crianças e adolescentes, por isso está sob sigilo. Outras medidas ainda serão tomadas”, afirmou Gondim, reforçando o pedido para que a sociedade continue denunciando situações semelhantes.
