
Investigações da segunda fase da Operação Mafiusi, da Polícia Federal, revelaram depósitos que somam R$ 120 mil ligados a Patrícia Soriano, irmã de Roberto Soriano, o Tiriça, apontado como um dos principais líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e rival de Marcola dentro da facção.

Segundo a PF, Patrícia recebeu R$ 40 mil diretamente de operadores do esquema e outros R$ 80 mil foram enviados a empresas em que ela atuaria como sócia oculta. As companhias, Artek Automatização e Refrigeração e Dakor Comércio e Representações de Roupas, seriam de fachada e usadas para lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas.
As mensagens que sustentam a acusação foram encontradas no celular de Klaus Cristhian Volker, preso preventivamente na última quinta-feira (16). Elas mostram trocas entre Klaus, o ex-policial Maicon Adriano Vieira Maia (dono da RMD Instituição de Pagamento Ltda.) e Patrícia.
De acordo com a PF, Maicon, que deixou a corporação em 2023, mas já atuava no esquema, teria transferido os valores via sua empresa. Os comprovantes das operações mostram pagamentos para as contas das empresas e para a conta pessoal de Patrícia.
Além da ligação financeira, a PF aponta que Patrícia é viúva de Edmilson de Menezes, o Grilo, outro líder do PCC morto em 2024 durante peregrinação religiosa. Grilo era parceiro de Willian Barile Agatti, o “Concierge do PCC”, suspeito de operar o tráfico internacional em parceria com máfias da Itália e dos Bálcãs.
Patricia estava por trás da Artek Automatização e Refrigeração e Dakor Comércio e Representações de Roupas – empresas de fachada, diz a PF Foto: Reprodução
Ainda segundo a investigação, mensagens de 2023 indicam que Klaus intermediou, a pedido do PCC, a compra de um imóvel em nome do marido de Patrícia, localizado às margens da Rodovia D. Pedro I, entre Jacareí e Campinas (SP). Meses depois, o operador teria comemorado com o grupo o arquivamento de uma denúncia contra o chefe da facção.
Histórico de investigações - Patrícia Soriano já havia sido citada na primeira fase da Operação Mafiusi, em março de 2025, quando a PF apurou repasses de empresas de transporte público de São Paulo para pessoas ligadas ao PCC. Um dos pagamentos identificados foi da Movebuss, responsável por 630 ônibus na capital, no valor de R$ 227,9 mil.
Os investigadores também apontam sinais de lavagem de dinheiro e padrão de vida de luxo. Relatório da PF cita viagens internacionais e postagens em redes sociais mostrando carros, helicópteros e festas exclusivas. “As redes sociais revelam um alto padrão de vida da família Soriano, com viagens a destinos como Paris, Milão e Veneza”, afirmou o delegado Eduardo Verza, do Grupo de Investigações Sensíveis (GISE).
A reportagem tentou contato com Patrícia por meio da empresa Patrícia Soriano Transportes, mas o telefone e o e-mail registrados pertencem ao escritório de contabilidade responsável pelo cadastro da firma.
O advogado Eduardo Maurício, que defende Willian Agatti, declarou que seu cliente “não foi alvo de mandados de busca ou prisão” e que provará sua inocência.
