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GUARANI E KAIOWÁ

Indígena de 18 anos é assassinado em região fronteiriça de MS

Segundo as lideranças indígenas, o assassinato do jovem teria ocorrido na fazenda que foi retomada, vizinha à Terra Indígena (TI) Taquaperi

23 maio 2022 - 10h25Da Redação com Cimi
Após o brutal assassinato de Alex Lopes, de 18 anos, a comunidade da reserva indígena Taquaperi decidiu retomar a fazenda onde o jovem teria sido morto
Após o brutal assassinato de Alex Lopes, de 18 anos, a comunidade da reserva indígena Taquaperi decidiu retomar a fazenda onde o jovem teria sido morto - Foto: comunidade Taquaperi

Em protesto contra o assassinato do jovem Alex Recarte Vasques Lopes, 18, ocorrido no último sábado (21), o povo Guarani e Kaiowá retomou uma fazenda no município de Coronel Sapucaia, na fronteira com o Paraguai, na madrugada deste domingo (22). Segundo as lideranças indígenas, o assassinato do jovem teria ocorrido na fazenda que foi retomada, vizinha à Terra Indígena (TI) Taquaperi.

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Já no início da tarde de domingo, o acesso à retomada, denominada pelos indígenas de Tekoha Jopara, foi impedido por um bloqueio realizado por viaturas do Departamento de Operações de Fronteira (DOF). A barreira foi posicionada na rodovia MS-286, que atravessa a TI Taquaperi e também dá acesso a outras comunidades indígenas da região – que ficaram, na prática, isoladas.

Os Guarani e Kaiowá cobram apuração federal do assassinato e teme ser alvo da violência de policiais e fazendeiros. A tensão no local ainda seguia no começo da noite do domingo.

Segundo o relato de lideranças da comunidade, no sábado, Alex teria deixado a reserva Taquaperi, onde morava, junto com dois outros jovens Guarani Kaiowá para buscar lenha numa área do entorno da terra indígena. Lá, teria sido assassinado, e seu corpo teria sido levado para o lado paraguaio da fronteira, que fica a menos de dez km dos limites da reserva indígena.

Em fotos do corpo do jovem enviadas pelas lideranças ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso do Sul, foi possível identificar ao menos cinco furos compatíveis com projéteis de armas de fogo.

A situação de extrema violência foi o que motivou os Guarani e Kaiowá a realizarem a retomada, conforme relata uma das lideranças da comunidade, não identificada por razões de segurança.

“Mataram um rapaz de 18 anos, é triste. A família decidiu fazer a retomada onde mataram o rapaz. Precisamos de apoio dos órgãos competentes. Aqui na aldeia Taquaperi, nunca acontecem retomadas, é a primeira vez que acontece isso. Já perdemos muitos parentes na estrada, atropelados. Dessa vez, tomamos a decisão [de retomar]. Chega de perder nossos parentes, é dor para nós”, relata a liderança. As informações são do Cimi.

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