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SEGURANÇA DIGITAL

Hacker preso por ameaçar Felca acessava sistemas da polícia e vendia dados sigilosos

Cayo Lucas, de 21 anos, é suspeito de invadir bancos de dados oficiais, vender credenciais e integrar rede de pornografia infantil

26 agosto 2025 - 13h35Isabela Moya
Operação conjunta das polícias de SP e PE prendeu hacker suspeito de ameaçar influenciador e vender dados sigilosos
Operação conjunta das polícias de SP e PE prendeu hacker suspeito de ameaçar influenciador e vender dados sigilosos - Foto: Reprodução/Polícia Civil
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Preso em Olinda (PE) após ação conjunta das polícias de São Paulo e Pernambuco, Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 21 anos, é apontado como um hacker de alto nível que invadiu sistemas das polícias estaduais e do Judiciário brasileiro. Além de ameaçar de morte o influenciador digital Felca, ele é investigado por envolvimento em rede de pornografia infantil e comercialização de dados sigilosos.

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Segundo o delegado Eronides Menezes, responsável pelo caso, Cayo Lucas chegou a acessar credenciais e informações confidenciais de órgãos de segurança pública, inclusive do sistema da própria Polícia de Pernambuco. Durante a operação, os agentes também prenderam Paulo Vinícius, que confessou vender dados obtidos de forma ilegal por valores entre R$ 20 e R$ 30 no Telegram.

“Ele (Cayo Lucas) confessou que tinha acesso a todos os sistemas das polícias do Brasil, do Poder Judiciário, de mandados de prisão... E conseguia até inserir informações falsas sobre mandados contra qualquer pessoa, relatou o delegado.

Mandados falsos e ameaças online

A investigação aponta que o grupo criava mandados de prisão fraudulentos, que eram usados para abrir contas bancárias, lavar dinheiro e ameaçar pessoas, como o youtuber Felca. De acordo com a polícia, os crimes virtuais estavam relacionados a represálias contra a denúncia de conteúdo pedófilo nas redes sociais.

Felca — que tem 8,4 milhões de inscritos no YouTube, 17,7 milhões de seguidores no Instagram e 870 mil na rede X (ex-Twitter) — publicou no início de agosto um vídeo intitulado “Adultização”, em que denuncia influenciadores e perfis que sexualizam crianças e adolescentes para fins de monetização.

O vídeo desencadeou uma onda de ataques contra o criador de conteúdo. Em mensagens enviadas por e-mail, Cayo Lucas o ameaçou com frases como:
“vc vai se ferrar muito sua vida após a denunciando ele prepara pra morrer vc vai pagar com a sua vida (sic)”
“vc vai morrer se prepara por sua vida vc corre risco e vc vai pagar com a vida vc e um otário pedófilo (sic)”

Acesso a sistemas oficiais e credenciais clonadas

A operação que resultou nas prisões encontrou, no local, um computador logado em sistemas da Polícia de Pernambuco, com as credenciais de um policial militar. Também foram apreendidas anotações contendo logins e senhas de sistemas da Secretaria de Defesa Social e de outros órgãos estatais.

Cayo Lucas teria tentado se eximir da responsabilidade ao afirmar que os dados pertenciam a Paulo Vinícius, mas o delegado Menezes não tem dúvidas: “Ele não apenas confessou como havia provas materiais no computador. A suspeita é que ele fornecia as credenciais e o outro as utilizava”.

Ambos foram autuados em flagrante por invasão de dispositivo informático com acesso a dados sigilosos, e o delegado já solicitou a conversão das prisões em preventivas.

Reação política e nova legislação

A repercussão do vídeo de Felca e das ameaças recebidas mobilizou não apenas a polícia, mas também o Congresso Nacional. Parlamentares passaram a pressionar pela aprovação de medidas mais rigorosas contra crimes online.

Em resposta à mobilização, a Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 20, o projeto de lei conhecido como “ECA Digital”, uma atualização do Estatuto da Criança e do Adolescente com foco na proteção de menores em ambientes digitais.

A proposta havia ficado parada por meses, mas ganhou força após a denúncia pública do youtuber e os desdobramentos da investigação.

Pornografia infantil e redes criminosas

A polícia também apura o envolvimento de Cayo Lucas com a venda e disseminação de pornografia infantil, prática considerada gravíssima pelas autoridades e com penas que podem ultrapassar 10 anos de prisão.

O caso reforça os alertas sobre a atuação de redes criminosas na deep web e o uso de plataformas de mensagens criptografadas para atividades ilegais, como venda de dados, ameaças, extorsão e abuso sexual de menores.

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