O nome é David Oliveira Areias. Tem 19 anos, nasceu em São Paulo, mas em setembro de 2025 estava em Campo Grande (MS). Tentava invadir apartamentos de luxo em bairros nobres da cidade. Queria entrar fingindo que era morador, mas a história não colou. Foi barrado na portaria de um prédio no centro e, horas depois, tentou a sorte no Jardim dos Estados. A porta arrombada entregou a tentativa de furto. Moradores chamaram a polícia. Ele fugiu.
Desde então, David não foi mais visto em Campo Grande. Mas a tentativa deixou pistas. Investigadores da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos (Derf) passaram a ouvir porteiros, moradores e funcionários. Analisaram imagens de câmeras dos condomínios e do sistema da cidade. E, com apoio da inteligência policial, identificaram o suspeito.
Era ele. David já tinha sido preso em abril de 2025, ao tentar invadir um prédio no bairro Belvedere, em Belo Horizonte (MG). Também usava nome falso. Também se dizia morador. Na ocasião, foi contido por funcionários e preso em flagrante pela Polícia Militar. O comparsa fugiu. Em Campo Grande, repetiu o padrão: roupa comum, boa conversa, rosto jovem. E a chave de fenda escondida.
Fachada do prédio na Rua Rodrigo Otávio Coutinho, no bairro Belvedere, em Belo Horizonte (MG), onde um jovem foi preso após tentativa de invasão. (Reprodução/Google Street View)
A polícia daqui descobriu que David faz parte de uma quadrilha paulista especializada em furtar apartamentos de alto padrão. A atuação do grupo já foi registrada em pelo menos cinco estados. Eles entram nos prédios dizendo que são moradores ou visitantes, enganam porteiros e, uma vez lá dentro, arrombam apartamentos vazios e saem sem levantar suspeitas.
Segundo a Polícia Civil, a ação em Campo Grande aconteceu no dia 8 de setembro. No Jardim dos Estados, os moradores perceberam marcas na porta da área de serviço. Ninguém foi roubado. Mas o alerta foi dado. E a preocupação aumentou.
Não foi a primeira vez que esse tipo de crime aconteceu na cidade. Em outros casos, os autores também usaram disfarces, com mochilas e roupas discretas, para tentar enganar funcionários e invadir apartamentos. Agora, a polícia sul-mato-grossense investiga se há outros envolvidos na tentativa de setembro e reforça o alerta para moradores e síndicos de prédios residenciais.
A delegada responsável pelo caso reforça que o período de fim de ano, com o aumento das viagens, é o momento mais crítico para esse tipo de golpe. Os criminosos se aproveitam da ausência dos moradores, do movimento mais baixo nos condomínios e da falta de atenção na portaria. A recomendação é investir em treinamento de funcionários e reforço de segurança.
Hoje, David Oliveira Areias está foragido. A polícia tenta localizá-lo e identificar possíveis comparsas. A investigação segue em Campo Grande. E, enquanto isso, fica o alerta: o golpe pode começar com um rosto jovem, um nome inventado e uma história bem contada na portaria.
