Fetos empalhados de lhama e porco foram localizados nesta segunda-feira (7) durante vistoria em um ônibus retido na fronteira de Corumbá, a 450 km de Campo Grande. O material estava escondido em meio a sacas de produtos de interesse fitossanitário e foi descoberto durante a continuidade da operação conjunta que, dias antes, havia apreendido três toneladas de mercadorias contrabandeadas.
A ação contou com equipes da Receita Federal e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que identificaram 25 fetos de lhama e 10 de porco em um compartimento do veículo. Diante do risco sanitário, os itens foram incinerados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), conforme os protocolos oficiais.
A descoberta de animais empalhados em transporte clandestino chama a atenção por envolver práticas culturais específicas de países vizinhos, como a Bolívia. Na tradição local, fetos de lhama são utilizados como oferendas à deusa Pachamama, com a crença de que trazem proteção e boa sorte. Apesar do valor simbólico, o ingresso desse tipo de material no Brasil sem controle representa ameaça à saúde pública e descumpre normas sanitárias e alfandegárias.
Segundo a Receita Federal, esse tipo de apreensão não é isolado. Somente neste ano, cerca de 400 fetos de lhama empalhados foram interceptados em outras ações nas fronteiras. A prática, além de ilegal, tem potencial para introduzir pragas ou doenças no território nacional.
A apreensão ocorreu como desdobramento da operação iniciada em 5 de julho, que visa coibir contrabando de mercadorias, tráfico de drogas e transporte irregular de passageiros. A interceptação dos fetos empalhados levanta a possibilidade de que outras rotas clandestinas estejam sendo utilizadas para trazer produtos de origem animal ao país.
A operação mobiliza servidores da Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério da Agricultura, Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e ANTT. Segundo os órgãos envolvidos, a ação reforça o papel da fiscalização de fronteiras como ferramenta de proteção à saúde e à economia nacional.
