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DOIS CASOS

Registro de feminicídios na Capital tem queda de 83,3% em 2021

Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e mostram que o total de vítimas, principalmente de seus companheiros, passou de 12 em 2020 para 2 em 2021

19 janeiro 2022 - 06h00
Dona Maria do Carmo foi assassinada em dezembro, enquanto Silvana foi morta em outubro
Dona Maria do Carmo foi assassinada em dezembro, enquanto Silvana foi morta em outubro - (Foto: Reprodução)

Foi reduzido em 83,3% o número de feminicídios em Campo Grande em 2021, se comparado com o ano de 2020. Os dados foram divulgados nesta manhã (19) pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Em 2020 foram 12 mortes, enquanto que no ano passado, duas mulheres foram assassinadas.

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Silvana Domingos dos Santos, 31, foi assassinada com golpes de ferro, no dia 17 de agosto, no Bairro Jardim Los Angeles. Assassino confesso, a versão do pedreiro de 27 anos é que matou a mulher por desacordo comercial, já que Silvana era garota de programa e não ficou com o homem por 1h, conforme o combinado. Ele foi preso dez dias após o crime.

Já o outro caso de feminicídio foi no dia 7 de dezembro, quando Maria do Carmo Brasil Nolasco, 72, foi assassinada com duas facadas, no pescoço e peito, pelo próprio filho, militar do Exército aposentado, no Bairro Coophatrabalho. O militar fugiu, mas foi preso em flagrante próximo ao local do crime.

Em nível de estado, os casos de feminicídios também tiveram redução de 12,8%. No ano passado o total de vítimas foi de 34, contra os 39 contabilizados em 2020. Em 2021 a maioria dos casos, 20 no total, foram registrados nos municípios localizados na linha e faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia.

A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), em Campo Grande, delegada Elaine Benicasa, credita a relevante queda dos feminicídios ao fortalecimento das políticas públicas voltadas as mulheres vítimas de violência doméstica, ampliação do acesso a informação, bem como ao trabalho realizado pela especializada.


A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), em Campo Grande, delegada Elaine Benicasa

“São várias instituições, poderes, órgãos, entidades que se apoiam uma na outra para prestar toda essa assistência à mulher. Em razão desse fortalecimento da rede as informações chegam mais rápido, coesas, eficazes às mulheres que se sentem empoderadas e fortalecidas e, uma vez vítimas da violência doméstica, elas procuram as delegacias, registram ocorrências e pedem medidas protetivas, que evitam sim o agravamento de condutas anteriores dos agressores”, afirma.

Para Benicasa é essencial ressaltar que o trabalho massivo feito ao longo dos últimos anos está surtindo efeito. “São palestras realizadas por toda a rede de apoio, as políticas que tem sido criadas à favor da mulher e todo esse acolhimento que é feito com grande excelência e de forma bastante unida que resultam em menores índices de feminicídios”, acredita a delegada.

Homicídios - Os dados da Sejusp mostram ainda que em Campo Grande houveram quedas também outros crimes contra a vida. Os roubos seguidos de morte, por exemplo, caíram -57,1%, os homicídios -9,7% e os homicídios culposos no trânsito em -10%.

De acordo com o delegado Carlos Delano, titular da Delegacia Especializada de Homicídios (DEH), a profissionalização da investigação da Polícia Civil foi primordial para a queda nos números de homicídios em Campo Grande. “Isso gera uma redução na percepção da impunidade, então a pessoa que pensa em resolver o problema matando o seu desafeto considera isso e tem um desestímulo, o que certamente colabora para a redução dos índices”, garante.

Os dados globais do estado apontam quedas também nos roubos seguidos de morte, sendo de -28,6% na faixa de fronteira e de -35,3% nos números absolutos do Estado, que englobam todos os municípios de Mato Grosso do Sul.

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