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23 de outubro de 2025 - 21h24
TJMS
VIOLÊNCIA SEXUAL

Funcionários do Blue Tree teriam impedido chamado da polícia após estupro de hóspede americana em SP

Vítima de 57 anos denunciou funcionário do hotel por violência sexual; acusado responde ao processo em liberdade

23 outubro 2025 - 16h35Ederson Hising
Hotel Blue Tree, na Avenida Paulista, é investigado por suposta omissão em caso de estupro de hóspede americana.
Hotel Blue Tree, na Avenida Paulista, é investigado por suposta omissão em caso de estupro de hóspede americana. - Foto: Instagram

Funcionários do hotel Blue Tree, localizado na Avenida Paulista, em São Paulo, teriam impedido que a polícia fosse acionada após o suposto estupro de uma hóspede americana de 57 anos, segundo relato de uma testemunha à Polícia Civil. O caso ocorreu em 27 de setembro de 2024, durante uma viagem de trabalho da vítima ao Brasil.

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De acordo com o depoimento do amigo de trabalho da mulher, ele tentou pedir ajuda à equipe do hotel após receber mensagens da vítima relatando o abuso, mas foi informado de que “não podiam chamar a polícia”.

O amigo contou ainda que precisou pedir a uma colega brasileira para fazer a ligação à Polícia Militar (PM), já que nem ele nem a vítima falavam português. A colega confirmou à polícia que foi ela quem acionou a PM e atuou como intérprete durante o atendimento.

Estupro dentro do hotel - A vítima relatou que o abuso ocorreu depois que um funcionário de 19 anos levou uma garrafa de vinho até seu quarto. As investigações indicam que o rapaz permaneceu no local por nove minutos.

Em mensagens de WhatsApp enviadas ao amigo por volta das 20h25, a mulher contou que estava “muito abalada” e sem conseguir contato com a gerência do hotel. “Eu pedi jantar e desci. O garoto que me ajudou a voltar para cima me estuprou. Estou no meu quarto agora e muito abalada. Continuo tentando ligar para falar com o gerente, mas ninguém atende minhas chamadas. Devo chamar a polícia?”, escreveu.

A PM só foi acionada duas horas depois, às 22h26. Quando os agentes chegaram ao local, o suspeito já havia fugido.

No depoimento, o policial responsável pela ocorrência afirmou que solicitou à gerência que apresentasse todos os funcionários que estavam trabalhando no turno, mas apenas três foram levados à sala de segurança — nenhum deles era o suspeito.

A vítima, então, conseguiu identificar o agressor por meio de fotos fornecidas pela administração do hotel. O acusado não foi localizado durante o inquérito, mas posteriormente apresentou defesa após ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e se tornou réu por estupro.

Os exames realizados no Instituto Médico Legal (IML) confirmaram conjunção carnal e presença de sêmen na vagina e no ânus da vítima, além de escoriações nos braços e nas pernas.

Versões da defesa e do hotel - A defesa do acusado, representada pelos advogados Gabriel Constantino e Luís Gabriel Vieira, sustenta que houve relação sexual consentida entre o funcionário e a hóspede.

“A banca reafirma sua plena convicção na inocência de seu cliente, especialmente porque os elementos constantes dos autos demonstram a consensualidade dos fatos e revelam contradições significativas nos depoimentos da suposta vítima”, diz a nota.

O Blue Tree Hotels afirmou, também em nota, que colabora com as investigações e que “tem como prioridade o bem-estar e a segurança de seus hóspedes”. A rede destacou que “não compactua nem compactuará com qualquer conduta imprópria eventualmente praticada em seus empreendimentos”.

O caso continua sob investigação da Polícia Civil de São Paulo, que analisa eventuais responsabilidades do hotel pela suposta omissão. O acusado responde em liberdade ao processo criminal.

A CPMI (Comissão Parlamentar de Inquérito Mista) do Congresso Nacional sobre violência sexual em ambientes corporativos também demonstrou interesse em requisitar cópias do inquérito para avaliar falhas em protocolos de segurança e atendimento a vítimas em redes hoteleiras de grande porte.

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