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29 de outubro de 2025 - 17h17
EDUCAÇÃO E SEGURANÇA

Após operação com 132 mortos, universidades e escolas seguem sem aulas no Rio

Quatro universidades e ao menos 55 escolas mantêm atividades suspensas após ação policial mais letal da história do Estado

29 outubro 2025 - 13h05Geovanna Hora
Escolas do Complexo do Alemão seguem fechadas após operação que deixou mais de 130 mortos no Rio.
Escolas do Complexo do Alemão seguem fechadas após operação que deixou mais de 130 mortos no Rio. - Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

As consequências da megaoperação policial que resultou em 132 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, continuam impactando a rotina de milhares de estudantes. Nesta quarta-feira (29), pelo menos quatro universidades e 55 escolas permaneceram com aulas presenciais suspensas, reflexo direto da ação considerada a mais letal já registrada no Estado.

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A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) suspendeu todas as atividades presenciais — acadêmicas e administrativas — em seus campi da capital e de Duque de Caxias, mantendo apenas os serviços essenciais. Decisão semelhante foi adotada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e pela Universidade Federal Fluminense (UFF), que também paralisou suas atividades em Niterói.

Já a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) migrou as aulas para o formato remoto e suspendeu as atividades presenciais administrativas.

Escolas estaduais e municipais também afetadas - Na rede estadual, a Secretaria de Educação informou que seis escolas não abriram as portas nesta quarta-feira. No auge do conflito, na terça-feira (28), 35 escolas estaduais precisaram suspender suas atividades por falta de segurança. Segundo a pasta, os diretores têm autonomia para decidir sobre o funcionamento das unidades, visando preservar a integridade física de alunos, professores e servidores. O conteúdo pedagógico deverá ser reposto futuramente.

Na esfera municipal, a situação é ainda mais grave. A Secretaria Municipal de Educação confirmou que 49 escolas seguem fechadas nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, onde ocorreu a operação. Essas unidades seguem o protocolo "Acesso Mais Seguro", desenvolvido em parceria com a Cruz Vermelha Internacional, para avaliar os riscos antes da retomada das atividades.

O número oficial de mortos durante a operação segue impreciso. A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro afirmou que 132 pessoas perderam a vida durante a ação policial. Inicialmente, o governador Cláudio Castro anunciou 64 mortes, mas, nesta quarta, corrigiu a informação para 58. Segundo ele, o número pode continuar mudando conforme avançam os trabalhos do Instituto Médico Legal (IML) e da perícia.

A ação foi deflagrada com o objetivo de atingir o Comando Vermelho (CV), uma das principais facções criminosas do Estado. No entanto, a operação gerou forte repercussão nacional e internacional por seu elevado número de mortos e pelos impactos diretos à vida civil, especialmente nas áreas de moradia e educação.

Críticas e apelos por medidas urgentes - Entidades de direitos humanos, movimentos sociais e organizações educacionais têm se posicionado de forma crítica à operação. Além do número de vítimas, os grupos denunciam o clima de terror instaurado nas comunidades, a insegurança para circular pelas ruas e o prejuízo educacional causado pela suspensão prolongada das aulas.

Especialistas em segurança pública alertam que a militarização das ações em áreas de grande vulnerabilidade social tem reflexos diretos no desempenho escolar e no desenvolvimento de crianças e adolescentes que vivem nessas regiões. A interrupção das aulas, mesmo que temporária, aprofunda desigualdades já existentes.

Enquanto isso, o Governo do Estado do Rio de Janeiro ainda não apresentou um plano de retomada das atividades nas áreas afetadas nem anunciou ações específicas para garantir a segurança de alunos, professores e funcionários das escolas e universidades.

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