
Bruno Mendes de Jesus, empresário de Porto Velho (RO), foi preso na segunda-feira (4), em Boa Vista (RR), com 103 quilos de ouro escondidos em um carro. Avaliada em R$ 62 milhões, a carga representa a maior apreensão já realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Brasil. A defesa de Bruno afirma que ele atuava no setor de mineração em busca de sustento após ficar desempregado.

A abordagem aconteceu no início da tarde, em uma rodovia da capital roraimense. A Polícia Federal apura se o ouro tem origem em garimpo ilegal e se seria enviado para Venezuela ou Guiana, países vizinhos a Roraima.
Bruno foi conduzido à sede da Polícia Federal e passou por audiência de custódia nesta terça-feira (5). A Justiça converteu a prisão em preventiva. A defesa informa que trabalha para garantir um habeas corpus que permita ao acusado responder ao processo em liberdade.
Advogado afirma que garimpo era meio de sobrevivência - O advogado Smiller Carvalho, que representa Bruno, afirmou em nota que o cliente, assim como milhares de brasileiros, atua no setor mineral, mesmo diante de uma realidade regulatória complexa. Segundo ele, o garimpo, quando regularizado, deve ser compreendido como atividade de subsistência.
“Trata-se de trabalhador que, como milhares de brasileiros, atua em atividades relacionadas ao setor mineral, que embora possam se desenvolver em áreas de tensão regulatória, são, para muitos, meio de subsistência e única alternativa de sobrevivência”, declarou.
Ainda segundo o advogado, Bruno enfrentava dificuldades financeiras e não teria condições de arcar com o valor da carga que transportava. “Ele não tem nem condição de comprar um quilo (de todo o ouro apreendido)”, disse.
As autoridades investigam a origem do ouro e os possíveis destinos da carga. A suspeita principal é de que o material seja fruto de garimpo ilegal e estivesse sendo transportado para países vizinhos. O valor estimado da carga, R$ 62 milhões, levanta a possibilidade de uma rede estruturada de mineração ilegal na região.
A defesa reforça que a ausência de documentação legal sobre o minério é o que caracteriza a ilegalidade da atividade, e não sua prática em si.
“Não se pode ignorar que o garimpo, ainda que careça de regularização em diversos casos, é responsável pela sobrevivência de milhares de famílias em regiões afastadas e desassistidas pelo Estado”, acrescentou o advogado.
Carvalho destacou ainda que a prisão de Bruno é reflexo da falta de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social e econômico de regiões dependentes do garimpo. Para ele, muitos recorrem à atividade como única forma de sustento.
“A defesa reafirma o seu compromisso com a luta pela dignidade de trabalhadores que buscam, no garimpo, uma alternativa de sobrevivência diante da ausência de políticas de desenvolvimento social e econômico eficazes”, finalizou.
