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POLÍCIA

Empresário que matou gari em BH pediu à esposa delegada que escondesse arma do crime

Mensagens recuperadas pela perícia mostram tentativa de ludibriar a polícia; defesa não se manifestou

4 setembro 2025 - 16h45José Maria Tomazela
Empresário preso por matar gari em BH é acusado de tentar ludibriar a investigação ao pedir que esposa entregasse outra arma.
Empresário preso por matar gari em BH é acusado de tentar ludibriar a investigação ao pedir que esposa entregasse outra arma. - Foto: Reprodução
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O empresário Renê da Silva Nogueira Junior, que confessou ter matado o gari Laudemir de Souza Fernandes, em 11 de agosto, em Belo Horizonte, orientou a esposa — a delegada Ana Paula Lamêgo Balbino — a entregar à polícia uma arma diferente da usada no crime.

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De acordo com o inquérito ao qual o Estadão teve acesso, Renê enviou mensagens pedindo:

“Entrega a 9 milímetro. Não pega a outra.”

A pistola utilizada no homicídio, uma Glock calibre .380, pertencia à delegada e foi apreendida pela Polícia Civil.

Mensagens recuperadas

Segundo a investigação, os textos foram enviados quando Renê já sabia que seria levado à delegacia. Embora tenham sido apagados, a perícia conseguiu recuperá-los.

Em outra mensagem, o empresário minimiza a gravidade do ocorrido:

“Amor, eu não fiz nada. Estava no lugar errado, na hora errada.”

A polícia ressalta que os conteúdos não tiveram resposta da delegada.

Tentativa de interferência

Ainda conforme o inquérito, Renê buscou ajuda de um ex-integrante do comando da PM mineira, pedindo que intercedesse junto a policiais que o cercavam:

“Estou cercado por PMs. Poderia me ajudar? Estão dizendo que matei um gari.”

O empresário foi preso em uma academia horas após o crime. Posteriormente, já detido, escreveu uma carta alegando que a morte teria sido um “acidente”.

O crime

Renê atirou em Laudemir após uma discussão porque o caminhão de coleta de lixo, dirigido por um colega da vítima, bloqueava parcialmente a rua. O gari foi socorrido pela PM, mas não resistiu.

No dia 29 de agosto, Renê foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, além de porte ilegal de arma e ameaça.

Repercussão e investigações paralelas

A delegada Ana Paula Lamêgo Balbino está afastada por 60 dias da Polícia Civil por motivos de saúde, mas segue sendo investigada pela Corregedoria da corporação.

O advogado da família da vítima, Tiago Lenoir, disse que as mensagens reforçam a tentativa de manipular a apuração:

“As provas colhidas como mensagens, vídeos e laudos revelam tentativas de interferência. Não descansaremos até que todos os responsáveis, por ação ou omissão, sejam punidos com o rigor da lei.”

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o processo segue em tramitação na Corregedoria e que novas informações serão divulgadas ao término do procedimento.

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