
Pouco tempo após a repercussão da operação realizada nesta manhã (27) para desobstruir a rodovia MS-156, entre Dourados e Itaporã, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS) divulgou uma nota alegando que o cumprimento da medida foi adotada após "esgotarem-se todas as possibilidades de negociação com os indígenas".

"Para garantir os direitos constitucionais, a PMMS na manhã desta quarta-feira para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndios nas pistas. As forças de segurança manterão efetivo para garantir paz em todo território sul-mato-grossense", diz o comunicado.
Manifestantes das Aldeias Bororó e Jaguapiru, estavam reivindicando desde segunda-feira (25) o abastecimento de água com uso de caminhões-pipa e perfuração de poços. O grupo também havia feito um bloqueio no anel viário de Dourados. Indígenas afirmaram que ficaram feridos por balas de borracha ou passaram mal por conta das bombas de feito moral.
"O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas politico-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o Governo de MS, por meio da Secretaria de Estado da Cidadania (SEC), se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos", finaliza o comunicado.
Entenda - Manifestantes bloquearam a MS-156 desde a última segunda-feira como forma de protesto contra a crise de abastecimento de água na Reserva Indígena de Dourados. Eles reivindicam a perfuração de poços artesianos e alegam que soluções paliativas, como o envio de caminhões-pipa, são insuficientes para atender às necessidades das comunidades, que somam cerca de 20 mil pessoas.
Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), o protesto ganhou destaque nos discursos desta quarta-feira. A deputada Lia Nogueira (PSDB) criticou duramente a atuação da tropa de choque. “É revoltante ver tamanha repressão policial contra quem luta por água. Recebi imagens da violência que a polícia está praticando. Em pleno 2024, é inadmissível que povos originários precisem brigar pelo direito básico à água tratada”, afirmou.
