tjms
SUSPEITOS DETIDOS

Em Dourados, morte a pedradas leva polícia a deter quatro suspeitos na Aldeia Jaguapiru

Após crime brutal, suspeitos são levados para a delegacia e polícia investiga motivações na Aldeia Jaguapiru

13 novembro 2024 - 11h10Ricardo Eugênio
Quatro suspeitos são detidos em Dourados por matar Cilso Lopes a pedradas; Polícia Civil investiga crime brutal na Aldeia Jaguapiru.
Quatro suspeitos são detidos em Dourados por matar Cilso Lopes a pedradas; Polícia Civil investiga crime brutal na Aldeia Jaguapiru. - (Foto: Sidnei Bronka/Ligado na Notícia)

Era madrugada quando a Polícia Militar foi acionada para um cenário que, segundo quem viu, parecia saído de um pesadelo. Na estrada de terra chamada Travessão da Torre, cercada de lavouras e silêncio, o corpo de Cilso Lopes, 43 anos, foi encontrado desfigurado por pedradas. Ao lado, uma faca e um casaco ensanguentado, como que oferecendo ao olhar da polícia as peças de um quebra-cabeça sombrio.

Canal WhatsApp

Cilso, conforme explicou o irmão à polícia, era um homem simples, com deficiência intelectual e um hábito peculiar: sempre andava com uma faca. Mas, naquela noite, a faca não lhe serviu de defesa. A perícia confirmou que ele morreu ali mesmo, sob uma chuva de pedras. Não houve fuga, não houve gritos ou testemunhas. Apenas a violência crua e o vazio da estrada que, na manhã seguinte, ainda cheirava a sangue.

Uma investigação silenciosa e a colaboração das aldeias - O caso chegou à delegacia de Dourados nesta quarta-feira (13), com quatro homens detidos como suspeitos. Uma ação conjunta entre lideranças da Aldeia Jaguapiru e a Polícia Militar levou à captura dos suspeitos, que agora aguardam interrogatório na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac). A polícia, sem pressa, ainda tenta juntar as peças: cada detalhe importa, desde a faca abandonada até as marcas de sangue nas pedras, uma brutalidade silenciosa e implacável.

A delegada Ariana da Silva Gomes, plantonista naquele dia, observou o cenário com olhos treinados, mas em seu depoimento à imprensa, não havia palavras duras, nem pressa em condenar. “Ele estava com o rosto deformado, com afundamento”, comentou a delegada, descrevendo o quadro com um distanciamento frio. A cena, para ela, era clara, mas o que levou ao crime ainda era um mistério a ser desvendado.

O crime que abala a Reserva Indígena - A Reserva Indígena de Dourados, onde o crime ocorreu, é formada pelas aldeias Jaguapiru e Bororó e abriga histórias e conflitos que se entrelaçam com as lavouras e o Pantanal próximo. A morte de Cilso ressoa como mais um capítulo de uma tragédia recorrente que atravessa as fronteiras da terra indígena e ecoa em todo o Mato Grosso do Sul.

Para as lideranças locais e a polícia, a pergunta não é só “quem fez?”, mas “por quê?”. Cada crime revela algo da sociedade onde ocorre, e a morte de Cilso, no Travessão da Torre, pode ser uma pista sobre as tensões silenciosas que habitam a vida nas aldeias. É um mistério que a Polícia Civil agora tenta resolver, na esperança de dar uma resposta para a família e para uma comunidade que, na noite de terça-feira, viu sua rotina ser atravessada por uma violência que ninguém quer ver, mas que às vezes surge, inescapável, na penumbra.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop