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O que pode acontecer com as joias roubadas do Louvre

Especialistas avaliam estratégias de venda ou destruição das peças de valor histórico após furto ocorrido no domingo (19)

23 outubro 2025 - 15h45Redação O Estado de S. Paulo
Especialistas acreditam que as joias roubadas do Louvre provavelmente serão derretidas ou vendidas em partes para escapar do rastreamento.
Especialistas acreditam que as joias roubadas do Louvre provavelmente serão derretidas ou vendidas em partes para escapar do rastreamento. - Foto: Andrey Omelyanchuk

Após o roubo de joias estimadas em mais de R$550milhões no Museu do Louvre, em Paris, especialistas alertam que os artefatos podem, a qualquer momento, ser derretidos ou divididos para escoamento no mercado clandestino. A operação ocorreu no domingo (19) e já gerou série de análises sobre o destino das peças.

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Segundo a professora ErinThompson, do John Jay College of Criminal Justice, em NovaYork, “você nem precisa colocálas em um mercado clandestino, é só colocálas em uma joalheria”. Ou seja, mesmo peças menores — colares, brincos — podem ser vendidas sem gerar alarme.

Venda parcial ou derretimento: o dilema dos ladrões - Outros especialistas concordam que o processo de monetização desse tipo de bem histórico exige remoção de rastros. Para ChristopherMarinello, advogado e fundador da Art Recovery International, usar publicamente essas joias é “incrivelmente difícil”. Ele destaca: ao dividir as peças, o roubo fica oculto; ao derreter ou recortar, os artefatos se tornam quase indetectáveis.

De fato, peças de joalheria tão ostentosas e históricas tornamse menos vendáveis se mantidas intactas. Exemplo: um conjunto de joias reais do séculoXIX, com gemas de alta qualidade e design reconhecível. Para RobertWittman, exinvestigador do FederalBureauofInvestigation (FBI), que agora atua no setor privado: “a verdadeira arte num roubo de arte não é o roubo, é a venda”. Ele acredita que, no caso dessas joias específicas, os ladrões não vão conseguir monetizálas intactas — as gemas ou o ouro usado têm características que ainda permitem rastreamento.

Por que pode dar errado vender as peças intactas

Há três obstáculos principais que tornam a venda difícil:

As joias são altamente reconhecíveis, tornadas públicas nas últimas semanas;

O ouro e as gemas datam de dois séculos ou mais, com pureza ou corte que não correspondem aos padrões contemporâneos de revenda;

O comprador, mesmo no mercado negro, assume elevado risco de rastreamento, apreensão e perda total.

Para o vicepresidente do JewelersSecurityAlliance, ScottGuginsky, “não é algo que você possa mover no mercado aberto. Não é nada que possa passar por uma casa de leilões”. Ele reforça que ladrões desse tipo normalmente já têm um plano — mas que isso não garante êxito.

A partir das análises dos especialistas, podemos delinear três cenários principais para o destino dos artefatos:

Desmanche completo: as joias são derretidas, gemas recortadas, metais misturados — tornamse matériaprima comum, perdendo qualquer traço visível de origem.

Venda fracionada: gemas ou metais são separados, reutilizados como nova joalheria (colar, brincos), e vendidos em mercados de menor visibilidade. Esse caminho “menos óbvio” permite maior chance de êxito sem chamar atenção.

Escondimento prolongado: os ladrões aguardam “baixa visibilidade” ou aproveitam contatos para manter as peças intactas por algum tempo antes de tentar vendêlas. Esse caso depende de rede criminal altamente organizada.

Segundo o detective de arte ArthurBrand, o prazo para recuperação das joias ainda intactas é curto: “Se eles forem pegos dentro de uma semana, as peças podem ainda existir. Se demorar mais, provavelmente já estarão desmontadas”. A natureza pública do furto tornouas praticamente “incognoscíveis” para revenda — o que acelera a necessidade de ação por parte dos criminosos.

Contexto do roubo no Louvre - O furto ocorreu na manhã de domingo, 19deoutubrode2025, por volta das 9h30 (horário local). Um grupo de quatro homens, vestidos como operários, usou um montemeuble (plataforma elevatória) para acessar o edifício pelas fachadas da MuséeduLouvre e invadir a galeria das joias reais, a Galerie d’Apollon. Em cerca de 4a7minutos, as peças foram removidas e os ladrões fugiram de motocicletas.

Entre as peças estavam os jogos de safiras da rainha MarieAméliedeBourbonSiciles e da rainha HortensedeBeauharnais; o colar e brincos de esmeraldas da imperatriz MarieLouise; e uma tiara, um broche e o colar da imperatriz EugéniedeMontijo. A coroa de Eugénie foi abandonada pelos ladrões durante a fuga, já danificada.

As perspectivas de recuperação intacta são poucas. Mesmo que os autores sejam presos, há forte risco de que as peças já não existam em sua forma original. O governo francês abriu investigação com dezenas de investigadores mobilizados.

Para o Brasil e para leitores do portal da ACrítica.net em CampoGrande: o caso ilustra como patrimônios culturais podem se tornar alvo de redes internacionais de crime — e como o valor de revenda nem sempre está no volume monetário, mas sim na invisibilidade pósfurto.

O destino das joias roubadas do Louvre se situa no limiar entre o desmanche total e a comercialização dissimulada. O simples fato de ter sido alvo de cobertura global torna inviável a venda aberta; restam aos criminosos caminhos mais obscuros — recortar gemas, misturar metais, esperar o “baque” do crime diminuir. Quanto mais tempo passar, menor a chance de que as peças surjam intactas.

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