
A Polícia Federal revelou detalhes da investigação sobre um esquema de corrupção no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) envolvendo a desembargadora Nelma Sarney, cunhada do ex-presidente José Sarney. A Operação 18 Minutos identificou os “operadores financeiros” e “laranjas” responsáveis por ocultar propinas que, segundo a PF, foram pagas por um grupo acusado de vender sentenças judiciais. A magistrada está sendo investigada por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, com 393 atos ilícitos atribuídos a ela.

De acordo com as investigações, os advogados Carlos Luna e José Helias Sekeff, além dos assessores Zely Reis Brown Maia e Paulo Martins de Freitas Filho, atuaram como intermediários financeiros para Nelma Sarney. Eles são acusados de movimentar dinheiro de origem ilícita, que transitou nas contas de familiares da desembargadora, incluindo suas filhas, genro, irmão e netos.
A operação foi deflagrada após a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que indicou o envolvimento de outros membros do TJ-MA, incluindo desembargadores e juízes de primeiro grau. A investigação revelou que alvarás milionários foram emitidos a favor do Banco do Nordeste, com parte dos valores, cerca de R$ 14,1 milhões e R$ 3,4 milhões, sendo destinados à desembargadora.
Nelma Sarney e seus assessores foram acusados de atuar em um esquema criminoso que vendia decisões judiciais, oferecendo benefícios para os envolvidos, como propinas em dinheiro. A PGR também identificou a participação de outros advogados e de Edilázio Júnior, genro de Nelma, que teria auxiliado na lavagem de dinheiro.
A desembargadora, em seu depoimento à Polícia Federal, negou envolvimento com os advogados acusados, alegando que os conhecia apenas de vista. No entanto, conversas e provas recuperadas pela PF contradizem essa versão, revelando interações pessoais e encontros entre os envolvidos.
Além disso, a investigação descobriu depósitos fracionados em contas bancárias de Nelma, Paulo Martins e Zely Brown, realizados por membros do esquema para dissimular a origem do dinheiro ilícito. As transações financeiras, realizadas tanto no Brasil quanto no exterior, indicam a utilização de contas de “laranjas” para ocultar as vantagens obtidas por meio da corrupção.
A movimentação financeira de Paulo Martins, assessor de Nelma, revelou uma cifra impressionante: entre 2021 e 2023, ele movimentou quase R$ 7 milhões, incluindo transferências para familiares de Nelma e até para o exterior. A PF identificou mais de 350 atos de lavagem de dinheiro relacionados a Martins, Zely e Nelma, com valores transferidos em transações fracionadas e depósitos em espécie.
A investigação também revelou o uso de métodos para ocultar a origem dos recursos, incluindo a compra de bens e a realização de transações suspeitas. A Procuradoria-Geral da República afirmou que o caso segue em apuração, com a expectativa de que novos envolvidos possam ser identificados conforme o andamento das investigações.
