
Após uma reunião de emergência realizada nesta tarde (18) em Campo Grande, 12 delegadas da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (Deam) da Casa da Mulher Brasileira pediram afastamento da especializada. A medida acontece em meio às investigações sobre o atendimento prestado à jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo na última quarta-feira (12).
Entre as profissionais que pediram desligamento estão Elaine Benicasa (titular da unidade) e Fernanda Barros Piovano (adjunta), além de outras dez delegadas lotadas na unidade.
A crise ganhou força após o vazamento de um áudio de Vanessa Ricarte, no qual a jornalista relata negligência no atendimento que recebeu ao denunciar o ex-noivo Caio Nascimento, poucos dias antes de ser morta. O caso gerou grande repercussão e uma pressão interna sobre o atual quadro da Deam.
Nesta semana a Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (Adepol/MS) se lamentou o ocorrido e a forma como a equipe da Deam estava sendo alvo de críticas desde a divulgação do áudio.
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"No entanto, a Adepol/MS esclarece que não compactua com a forma unilateral e abusiva com que o caso passou a ser tratado após a divulgação de um áudio atribuído à vítima, no qual há críticas ao atendimento da Deam. O autor do crime está preso e responderá pelos seus atos na Justiça. A Deam prestou todas as orientações e adotou todas as medidas cabíveis para a segurança da vítima, seguindo os protocolos vigentes. Entre as recomendações, foi sugerido que Vanessa permanecesse no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, o que foi recusado por ela. Essa decisão, por lei, não pode ser imposta coercitivamente", diz o comunicado.
Ainda nesta manhã, o presidente da Assembleia Legislativa de MS (ALEMS), deputado Gerson Claro (PP), explicou que a Casa de Leis está pronta para aprovar e viabilizar as mudanças que serão enviadas em projetos do Poder Executivo e do Poder Judiciário.
“Essa foi uma reunião com as instituições para tratar do sistema e dos processos como um todo. Claro que em apenas uma reunião não vamos conseguir resolver todo um contexto de problemas, questões culturais, de consciência, de educação e de segurança de uma sociedade, mas saímos com a necessidade de criação de protocolos e melhorias para daqui para frente”, ressaltou.
Executivo e Judiciário apresentaram à Assembleia Legislativa os planos para novas mudanças
A reunião aconteceu no mesmo dia em que a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, chegou em Campo Grande nesta terça-feira (18) para realizar as reuniões que analisam possíveis falhas no atendimento prestado à jornalista.
Procurada pela reportagem do jornal A Crítica, a Secretaria de Estado, Justiça e Segurança Pública (Sejusp/MS) alega que os pedidos de transferência das delegas não foram formalizados e que o atendimento na Deam continua.
"A Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul informa que não foram formalizados novos pedidos de transferência de delegadas que atuam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). A Sejusp esclarece que o atendimento permanece sendo realizado regularmente na Deam, com funcionamento 24 horas por dia e oferecimento de todos os serviços de atribuição da unidade. Em tempo, a apuração dos fatos que envolvem o atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio, será concluída em 30 dias", diz o comunicado.
*Matéria atualizada às 18h02 para incluir o posicionamento da Sejusp/MS.

