A Polícia Civil do Rio de Janeiro resgatou nesta terça-feira (7) 50 cães vítimas de maus-tratos em um canil clandestino localizado no bairro do Riachuelo, na zona norte da capital fluminense. A ação foi realizada por agentes da 26ª DP (Todos os Santos) e da 25ª DP (Engenho Novo) após denúncias de que os animais estavam sendo mantidos em condições insalubres e vendidos ilegalmente.
Ao chegarem ao local, os policiais encontraram dezenas de cães de diversas raças, entre filhotes e adultos, vivendo sem acesso a alimentação adequada, água ou cuidados veterinários. Muitos dos animais apresentavam sinais visíveis de sarna, infecções, infestação de pulgas e doenças nos olhos e ouvidos. O espaço, segundo os agentes, não tinha ventilação, higiene básica ou estrutura sanitária mínima.
O local foi fechado e a tutora do imóvel encaminhada à delegacia. Ela vai responder por maus-tratos, exploração ilegal de animais e furto de energia elétrica.
Raças visadas pelo mercado ilegal
De acordo com o ativista Guga Ungerer, que acompanhou a operação, o canil comercializava cães das raças Lulu-da-Pomerânia, Shih-tzu, American Bully, Chihuahua e Golden Retriever. Segundo ele, os animais eram mantidos em ambientes pequenos, sem luz natural ou limpeza.
"Era um cenário de abandono e sofrimento. Um verdadeiro campo de concentração para cães. Fezes acumuladas, cheiro insuportável, animais debilitados, com medo, e nenhum sinal de cuidado", relatou Guga.
A equipe constatou ainda que o local não possuía nenhum alvará, documentação fiscal ou registro como criadouro legalizado, além de operar sem veterinário responsável técnico.
Apoio da Alerj, OAB e ONG Adote Um Bichinho
A operação contou com o apoio das Comissões de Defesa e Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ). Os 50 cães resgatados foram acolhidos pela ONG Adote Um Bichinho RJ, que está oferecendo os cuidados emergenciais e irá encaminhar os animais para adoção responsável.
A organização afirma que todos os cães passarão por avaliação veterinária, serão castrados, vacinados e preparados para encontrar novos lares. Casos graves de saúde serão tratados com prioridade.
O caso reacende o alerta sobre o mercado clandestino de venda de animais, que cresce principalmente através de redes sociais e aplicativos de compra e venda. A polícia reforça que manter criadouros irregulares é crime e que os cidadãos devem denunciar estabelecimentos suspeitos pelo telefone 197 da Polícia Civil.
O crime de maus-tratos a animais é previsto na Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) e pode resultar em pena de até cinco anos de prisão, além de multa.
