A manhã dessa quinta-feira (06) foi movimentada em um ponto da BR-262, em Campo Grande. Policiais pararam um caminhão que seguia de Corumbá para Sete Lagoas, em Minas Gerais. A princípio, era mais uma carga de minério de ferro atravessando o Centro-Oeste. Mas o que os agentes encontraram por cima da carga mudou o rumo da viagem: cerca de 100 quilos de cocaína, escondidos em sacolas de viagem. O motorista, um homem de 41 anos, foi preso em flagrante.
A prisão foi feita pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso do Sul, junto com o grupo de repressão a entorpecentes da Polícia Federal de Corumbá. Segundo os investigadores, a carga saiu da fronteira com a Bolívia, área já conhecida pelo intenso tráfico de drogas.
Esse tipo de flagrante tem se repetido. A BR-262 virou uma das principais rotas do tráfico de cocaína no país. E isso tem ligação direta com a logística da mineração na região. A desativação do transporte ferroviário e a seca que afeta o Rio Paraguai forçaram mineradoras a usar caminhões para escoar o minério. Quando o rio está seco, como acontece em boa parte do ano, ele fica inavegável e o transporte por estrada se torna a única opção.
Mas junto com a carga legal, vêm também os riscos. Em fevereiro deste ano, outro caminhão foi flagrado com 423 quilos de cocaína saindo de Corumbá. A carga pertencia à LHG Mining, empresa do grupo J&F. A empresa afirmou que o frete havia sido terceirizado e que não tinha relação com o tráfico. Recorreu à Justiça para tentar reaver o carregamento de minério.
A Vetorial Mineração também se viu envolvida em casos parecidos. Precisou comprovar que a carga era sua e que o transporte estava nas mãos de terceiros. Em resposta, empresas do setor aumentaram a vigilância nos pátios de carregamento. Instalaram câmeras e reforçaram controles internos. Mesmo assim, os traficantes continuam agindo. Usam compartimentos ocultos, fundos falsos e, em casos como este, simplesmente colocam a droga sobre o minério, escondida em malas de viagem.
As autoridades suspeitam que caminhoneiros sejam aliciados durante o trajeto. Em alguns casos, por dinheiro. Em outros, por pressão. Seja como for, a presença de cocaína em caminhões com minério virou rotina preocupante na BR-262.
O motorista preso nesta última apreensão ainda não teve o nome divulgado. Agora ele está à disposição da Justiça. A investigação continua, e a Polícia Federal tenta descobrir se há outros envolvidos no esquema.
